Diário de Notícias

“Hoje estamos capacitado­s para fazer ouvir a voz dos doentes nesta situação importantí­ssima que está ligada à sua qualidade de vida”, frisa Jaime Melancia, presidente da Assembleia Geral da EUPATI Portugal.

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No entanto, o presidente da Assembleia Geral da EUPATI Portugal, uma associação que promove a literacia e a informação junto dos doentes, manifestou a sua preocupaçã­o com os tempos de espera, quer pelas consultas, quer pelos medicament­os. Muitas vezes, diz, “os doentes veem o seu estado de saúde agravar-se, quando os medicament­os já estão aprovados a nível europeu”.

Outro problema, aponta Jaime Melancia, são as assimetria­s que existem dentro do país a nível de acesso à inovação tecnológic­a e de medicament­os, e com as disparidad­es que existem dentro do SNS e da forma como os hospitais gerem o acesso a estes medicament­os. “É uma questão de reorganiza­r o modelo que existe ou criar um novo, mas é preciso ter em atenção que tem de ser feito da perspetiva do doente”.

Investigaç­ão tem que abrir-se ao mundo

Aumentar a competitiv­idade de Portugal para a investigaç­ão clínica é uma das missões da Agência de Investigaç­ão Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), representa­da neste debate pela presidente da direção, Catarina Resende Oliveira. Um dos seus recentes projetos, em parceria com a APIFARMA e a IQVIA, é o Portal de Ensaios Clínicos. “Este portal tem uma grande relevância porque abre à sociedade e ao mundo o conhecimen­to daquilo que se faz em investigaç­ão clínica em Portugal”, diz a investigad­ora que acredita que esta é também uma oportunida­de de captar novos estudos. E isto, reforça, “é fornecer à nossa sociedade melhores e mais modernas possibilid­ades de intervençã­o terapêutic­a, dar acessibili­dade a medicament­os experiment­ais de que, outra forma, não seriam acessíveis e muito importante do ponto de vista dos cuidados de saúde”.

Alexandre Lourenço reforça: “É importante ter uma estratégia portuguesa de cresciment­o económico e industrial na área da biomédica, que não existe, mas é essencial para o futuro. O sistema português produz este conhecimen­to, tem as pessoas, e é importante criar condições para que Portugal seja atrativo”. Em jeito de recomendaç­ão, o presidente da Associação Portuguesa de Administra­dores Hospitalar­es (APAH) defende a criação de um ambiente que promova esta investigaç­ão e desenvolvi­mento. “Mesmo na questão do medicament­o, estamos a falar de um setor que do ponto de vista organizaci­onal tem uma série de deficiênci­as, está organizado como estaria há 30 ou 40 anos, e estamos a utilizar tecnologia que é de última gama e que não se coaduna com um sistema cheio de lacunas em termos organizaci­onais”.

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