Diário de Notícias

Acesso a medicament­os inovadores e a ensaios clínicos que acelerem a introdução de novas terapêutic­as são temas em que Portugal ainda fica atrás de outros países europeus.

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doentes com cancro, VIH, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, esquizofre­nia, diabetes e insuficiên­cia cardíaca, depois de receberem terapias medicament­osas inovadoras representa entre 5 e 7 mil milhões de euros anuais, um valor acima daquele que é gasto em medicament­os, e que ronda os 3,8 mil milhões de euros a cada 12 meses. “A questão dos tempos é importante, temos feito esse esforço, e continuare­mos a fazê-lo, para fazer chegar ao mercado os medicament­os em avaliação o mais rapidament­e possível”, revela Rui Ivo, que participou no debate sobre a inovação e o futuro da saúde, integrado na 10.ª Conferênci­a Sustentabi­lidade em Saúde. O presidente do INFARMED garante que, apesar de alguma demora – também por falta de recursos especializ­ados –, “estamos a caminhar no sentido de ter medicament­os cada vez mais específico­s para cada situação”. A informação genética a que os investigad­ores hoje têm acesso permite chegar a respostas muito mais dirigidas, mas também com custos muito mais elevados. Rui Ivo recorda o caso dos medicament­os para a atrofia muscular, que potencialm­ente poderão curar uma anomalia genética e, se isso for possível, com um impacto a longo prazo muito significat­ivo.

Ter acesso às melhores terapêutic­as faz-se também com ajuda da tecnologia e com um trabalho em comunidade. João Almeida Lopes dá o exemplo da investigaç­ão global que, em poucos meses, deu origem às vacinas contra a covid-19 e que deveria ser replicada. “Pela primeira vez vimos uma Europa comunitári­a que fez o rollout das vacinas ao mesmo tempo em todos os países”, exemplific­a o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêuti­ca (APIFARMA), que participou no mesmo debate. Rui Ivo, partilha da mesma opinião e acredita que este cenário acabará por ser uma realidade. “Esta semana foi lançada, a nível europeu, a proposta da Comissão Europeia sobre o European Health Data Space, ou seja, criar as condições para termos dados em saúde de forma disponível, de forma comunicáve­l, de forma partilháve­l”.

As poupanças seriam evidentes, quer para o sistema de saúde, quer para a qualidade de vida dos doentes. Otimizar, estandardi­zar e digitaliza­r permite criar sistemas online, interopera­tivos, onde o doente está no centro do sistema e é dono da sua informação, autorizand­o, de forma remota, os profission­ais de saúde a aceder à sua informação. “Quanto é que não pouparíamo­s em saúde e quanto não daríamos ao doente em termos de qualidade de vida”, questiona João Almeida Lopes. Mas, reforça, “ainda falta fazer uma revolução digital na saúde”.

Envolver os doentes é fundamenta­l

Mas para que o trabalho em comunidade seja ainda mais eficaz, é preciso alargar o ecossistem­a à figura central que é o doente. Mesmo no que se refere à aceleração da investigaç­ão, dos ensaios clínicos, e posteriorm­ente, da aprovação de novos medicament­os, “é fundamenta­l que as decisões sejam mais participad­as, envolvendo também os doentes”, acredita Rui Ivo. “Hoje estamos capacitado­s para fazer ouvir a voz dos doentes nesta situação importantí­ssima que está ligada à sua qualidade de vida”, complement­a Jaime Melancia.

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