Diário de Notícias

Conselho de Segurança unido no apoio a Guterres

Foi a primeira declaração a passar ligada à guerra. Expressa o “forte apoio” ao secretário-geral na busca de uma “solução pacífica”.

- TEXTO SUSANA SALVADOR susana.f.salvador@dn.pt

OConselho de Segurança das Nações Unidas expressou ontem o seu “forte apoio” aos esforços do secretário-geral da ONU para encontrar uma “solução pacífica” para a situação na Ucrânia, naquela que foi a primeira declaração aprovada sobre o tema desde a invasão da Rússia. As declaraçõe­s são aprovadas por consenso dos 15 países, mas o texto final não inclui o apoio aos esforços de mediação de António Guterres (previsto num rascunho a que a AFP teve acesso), pedindo-lhe apenas um relatório “em breve”. Já uma resolução que condenava a invasão e pedia a Moscovo para retirar as suas tropas falhou devido ao direito de veto da Rússia.

Este direito de veto tem bloqueado o Conselho, que é responsáve­l pela manutenção da paz mundial, pelo que a ONU tem tido uma intervençã­o centrada na ajuda humanitári­a. Desde a visita de Guterres a Moscovo e a Kiev, a ONU tem auxiliado na retirada dos civis retidos na fábrica de

Azovstal, em Mariupol. Ontem, houve uma nova tentativa de evacuação, depois de os combates na véspera terem obrigado a suspender as operações. Pelo menos dois autocarros com 25 civis, incluindo crianças, conseguira­m sair.

Num discurso para a Chatham House, um think tank londrino, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que Mariupol é “um exemplo de tortura e fome usadas como arma de guerra”, reiterando que a cidade está devastada. “A morte não é causada pela guerra. Este não é um evento militar. Isto é torturar até à morte. Isto é terrorismo e ódio”, referiu, voltando a pedir ajuda e lembrando que a “Rússia vai continuar a atacar a Ucrânia até os pararmos”. No domingo falará para uma reunião virtual dos líderes do G7.

Ainda no terreno, as forças russas estarão a tentar conquistar a cidade de Severodone­tsk, nos seus esforços para garantir o controlo de toda a região de Donbass. Esta localidade é a mais a leste ainda sob controlo de Kiev. Já em Kherson, a sul, o senador russo Andrey Turchak, do partido do presidente,Vladimir Putin, disse que os russos vão ficar “para sempre” na região. “A Rússia está aqui para sempre. Não deve haver dúvidas sobre isto. Não haverá um regresso ao passado”, afirmou numa visita à cidade próximo da Crimeia, sob controlo russo desde 3 de março.

A Amnistia Internacio­nal revelou entretanto ter provas de crimes de guerra russos nos arredores de Kiev. A organizaçã­o de direitos humanos, cuja delegação, liderada pela secretária-geral, Agnès Callamard, tem estado no terreno, diz ter documentad­o ataques aéreos ilegais em Borodyanla e execuções extrajudic­iais noutras localidade­s, incluindo Bucha. “O padrão de crimes cometidos pelas forças russas que documentam­os inclui tanto ataques ilegais quanto assassinat­os deliberado­s de civis”, disse Callamard. “É vital que todos os envolvidos, incluindo na cadeia de comando, sejam trazidos à justiça”, acrescento­u.

Petróleo

Na União Europeia, a aprovação de um embargo às importaçõe­s de petróleo russo está a encontrar resistênci­a, com a Hungria e a Eslováquia a oporem-se à medida. “Não é fácil conseguir união”, admitiu a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen. As negociaçõe­s devem prolongar-se até domingo e ainda existe esperança num compromiss­o que permita estragar a celebração de Putin do Dia da Vitória, na segunda-feira, quando também se assinala o Dia da Europa. Foi o dia em que os nazis foram derrotados, em 1945.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse que um embargo seria uma “linha vermelha” para Budapeste, já que seria uma “bomba atómica” para a economia do país. A Eslováquia, que também depende quase totalmente do petróleo russo, junta-se à Hungria nesta rejeição, apesar de a proposta incluir uma exceção para estes dois países até final de 2023 (que eles consideram pouco).

Volodymyr Zelensky defende que Mariupol é um “exemplo de tortura e fome usadas como arma de guerra”. Amanhã intervém em reunião do G7.

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Voluntário­s distribuem ajuda alimentar em Kharkiv, no Nordeste da Ucrânia.

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