Diário de Notícias

Quatro eleições num só ano

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na Ucrânia e o fornecimen­to de energia estão no topo das preocupaçõ­es de todos”, disse à emissora Deutsche Welle o cientista político Klaus Schubert, da Universida­de de Münster. Segundo uma sondagem de meados de abril do Reinische Post, o tema da segurança e energia acessível foi considerad­o o mais importante nestas eleições por 63% dos inquiridos, com 55% a assinalar também o aumento dos preços e da inflação.

Os conservado­res também não esqueceram a Ucrânia, com o líder da CDU, Friedrich Merz, que é natural deste estado, a visitar Kiev e a reunir -se com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky – ao contrário de Scholz que ainda não foi até à Ucrânia. O chanceler, cuja taxa de aprovação em abril era de apenas 38%, tem sido criticado pelo atraso no fornecimen­to de armas à Ucrânia – a coligação com osVerdes e os liberais do FDP acabou, contudo, com uma política histórica de não fornecer armamento a um país em guerra – assim como a forte dependênci­a do país em relação às importaçõe­s de energia da Rússia. Só dias antes da invasão da Ucrânia é que Scholz suspendeu a entrada em funcioname­nto do gasoduto Nordstream 2 – cuja construção era criticada pelos EUA e que tinha sido decidida pelo ex-chanceler do SPD Gerhard Schröder, que viria a trabalhar para a russa Gazprom.

Na expectativ­a de ganhar capital político, o candidato da CDU na Renânia do Norte-Vestefália fez questão de ser visto em campanha ao lado de Daniel Günter, o líder do governo regional de Schleswig-Holstein, que há uma semana garantiu a reeleição e ficou à beira da maioria absoluta. A vitória da CDU contrastou com a derrota pesada social-democrata, que passou para terceiro partido no estado, num cenário que Merz quer ver repetido este domingo. “A CDU tem de voltar a ganhar mais de 30% dos votos a nível nacional. Não vou desistir de ser o maior partido na Alemanha. A eleição na Renânia do Norte-Vestefália é um passo importante nessa direção”, disse num evento de campanha.

As sondagens apontam para uma luta renhida entre CDU e SPD, com os primeiros a ter 33% e os segundos 28,5% na última pesquisa. Mas a diferença de 4,5 pontos percentuai­s é a maior neste mês, sendo que no anterior muitas davam a vitória aos sociais-democratas. Em terceiro, com 16,5% de intenções de voto, surgem os Verdes, que tinham sofrido um desaire em 2017 que os deixou na quinta posição. A extrema-direita da Alternativ­a para a Alemanha surge a perder quase metade dos votos, ficando apenas com 6,5%, ligeiramen­te acima do FDP (6%), que arrisca ficar de fora do parlamento regional de 199 lugares, tal como o Die Linke, que não vai além dos 3%.

As eleições deste domingo na Renânia do Norte-Vestefália são as terceiras regionais este ano, na Alemanha. Mas não são as últimas.

Sarre

A 27 de março, seis meses depois da vitória dos sociais-democratas de Olaf Scholz nas eleições federais alemãs, o pequeno Estado de Sarre deu também uma vitória histórica ao SPD. Os conservado­res da CDU estavam no poder desde 1999 – a partir de 2012 numa grande coligação com o SPD – e não só perderam para eles, como os viram conquistar a maioria absoluta no parlamento regional. Tobias Hans, que substituír­a no cargo Annegret Kramp-Karrenbaue­r (que saiu para assumir as rédeas da CDU após a saída de Angela Merkel), falhou a reeleição, em parte devido à sua resposta à covid. Os eleitores optaram por Anke Rehlinger, a até então número dois, que tinha também as pastas da Economia, Trabalho, Energia e Transporte­s.

Schleswig-Holstein

Há uma semana, o partido de Scholz sofreu uma pesada derrota nas eleições no estado mais a norte da Alemanha. O SPD, que tinha como cabeça de lista Thomas Losse-Müller, perdeu 11 pontos percentuai­s em relação a 2017 e passou a ser o terceiro partido mais votado, atrás dos Verdes. O conservado­r Daniel Günther, que está há cinco anos à frente dos destinos da região e goza de uma taxa de aprovação de 76%, ficou a um deputado eleito da maioria absoluta. Até agora em coligação com os Verdes e os liberais do FDP, já disse querer repetir a fórmula “Jamaica”, apesar de desta vez só precisar do apoio de um deles.

Baixa Saxónia

O segundo maior estado em área e quarto em população será o último a ir a votos este ano, a 9 de outubro. O atual governo é uma grande coligação SPD-CDU, liderada pelo social-democrata Stephan Weil, que tem como número dois o conservado­r Bernd Althusmann (também responsáve­l pela pasta da Economia, Trabalho, Transporte­s e Digitaliza­ção). A cinco meses das eleições, o SPD lidera as sondagens, oito pontos à frente dos conservado­res, mas ainda é cedo para fazer previsões.

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