Diário de Notícias

Cancro do Pulmão é o que mais mata em Portugal

- TEXTO FÁTIMA FERRÃO dnot@dn.pt

SAÚDE Em 2020 foram diagnostic­ados 5415 novos casos, 65% deles em estádio avançado. Anualmente, cerca de 4600 pessoas perdem a batalha contra a doença. Para alterar este cenário é preciso apostar no diagnóstic­o precoce, promover os rastreios e conscienci­alizar a sociedade.

Odiagnósti­co precoce é o maior desafio na luta contra o cancro do pulmão que, não sendo o mais prevalente em Portugal, é o mais mortífero. Um cenário que, contudo, se estende à Europa onde, de acordo com os dados da Eurostat, representa cerca de 25% das mortes por doença oncológica na população masculina da União Europeia (UE). Já a nível global morre uma pessoa com cancro do pulmão a cada 18 segundos.

Na semana europeia contra o cancro, uma iniciativa criada sob a liderança da Associação das Ligas Europeias Contra o Cancro, e que se assinala de 25 a 31 de maio, a Aliança para o Cancro do Pulmão promove o webinar “Cancro do Pulmão: juntos por um futuro mais promissor”, em parceria com o Diário de Notícias, com o objetivo de promover a conscienci­alização para a importânci­a desta doença, e para o reconhecim­ento dos sinais de alerta que podem contribuir para diagnóstic­os mais precoces.

Esta conversa, que contará com a presença de representa­ntes das entidades que compõem a Aliança para o Cancro do Pulmão, será transmitid­a no site do Diário de Notícias, no dia 23 de maio. António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologi­a (SPP), Teresa Almodôvar, presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP), José Duro da Costa, pneumologi­sta e membro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), e Paula Fidalgo, da Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão, procurarão, ao longo de cerca de 45 minutos, explicar um pouco do seu trabalho colaborati­vo, e da sua missão que tem como meta duplicar, até 2025, a sobrevivên­cia de doentes com cancro do pulmão. Um objetivo que é também mundial.

Criada em 2020, a Aliança para o Cancro do Pulmão inspirou-se no projeto internacio­nal The Lung Ambition Alliance e num modelo que promove o trabalho conjunto entre várias entidades e profission­ais, unidos para combater uma doença com elevada prevalênci­a

na sociedade, cujo diagnóstic­o continua a pecar por tardio, o que resulta numa taxa de mortalidad­e muito elevada. Parte da sua atuação passa por desenvolve­r ações e iniciativa­s que permitam sensibiliz­ar a população, mas também melhorar a literacia dos profission­ais de saúde, dos doentes e do público em geral. Outra das suas importante­s missões passa por alertar para o diagnóstic­o atempado da doença, promovendo a prevenção.

Pandemia agravou situação

Ao longo dos últimos dois anos, com a covid-19 a perturbar o normal funcioname­nto dos serviços de saúde, o diagnóstic­o do cancro do pulmão, muitas vezes difícil de fazer, tornou-se ainda mais complicado. “A pandemia encurtou muito a vida dos doentes oncológico­s”, acredita António Araújo. Para o diretor do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitá­rio do Porto, em conversa com o DN por altura do Dia Mundial do Cancro, sabe-se que os doentes apresentam agora piores estados gerais, mas, para já, ainda ninguém consegue contabiliz­ar o impacto real da pandemia.

O trabalho articulado com os cuidados de saúde primários é também essencial. “É preciso sensibiliz­ar para a importânci­a do diagnóstic­o precoce”, defende António Morais. O presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologi­a acredita que o enfoque na prevenção deve ser uma missão diária, porque o cancro do pulmão é uma doença potencialm­ente evitável. “É preciso alertar para os fatores de risco associados à doença, especialme­nte o consumo de tabaco, e perceber os sinais de alarme”, recomenda.

“É preciso alertar para os fatores de risco associados à doença, especialme­nte o consumo de tabaco, e perceber os sinais de alarme”, alerta António Araújo, diretor do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitá­rio do Porto.

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Diretor do serviço de oncologia do CHUP, António Araújo, alerta que a pandemia “encurtou muito a vida dos doentes oncológico­s”.

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