Diário de Notícias

Artur Cabral passou a pagar 499 euros de prestação, contra os 405 euros que despendia antes, mas, segundo as suas contas, este aumento de 94 euros irá compensar.

António Domingues mudou para uma taxa mista e passou a pagar mais 19 euros, mas acredita que, com a subida da Euribor, vai ficar a ganhar.

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são de subida da inflação no final de 2021, ditaria o término do ciclo de política monetária de juros baixos até então aplicada pelo BCE”, explicou. No final de janeiro decidiu fazer uma transferên­cia de crédito para outra instituiçã­o bancária e, no prazo de um mês e meio, passou de uma taxa variável para uma fixa de 1,45% aplicada nos primeiros 30 anos (o último ano será variável). Passou a pagar 499 euros, contra os 405 euros que despendia anteriorme­nte, mas, segundo as suas contas, este aumento de 94 euros irá compensar. “À data de hoje [sexta-feira], a Euribor a seis meses já se encontra a 0,237%. Se somar a este valor o spread que tinha contratado no meu crédito à habitação com taxa variável de 1,2%, a taxa de juro total é de 1,437%, aproximand­o-se cada vez mais da taxa fixa que contratei (1,45%). Se ultrapassa­r este valor, já estarei a poupar”, demonstrou. “Acima de tudo, fico com uma prestação sempre igual, o que para mim é uma mais-valia.”

De acordo com dados de 2020 do Banco de Portugal (os de 2021 serão disponibil­izados no próximo mês), os créditos à habitação com taxa de juro variável representa­ram a maioria dos contratos celebrados (82,3%) e do montante de crédito concedido (82,9%) nesse ano. No entanto, estes valores revelam proporções inferiores às de 2019 (86,4% e 87,4%, respetivam­ente).

Mas já em 2020 aumentou o peso dos contratos com taxa mista (que têm um período inicial de taxa fixa, seguido de um período de taxa variável). Como explica o Banco de Portugal, “este tipo de taxa de juro passou a representa­r 12% dos contratos celebrados (10,3% em 2019) e 12,1% do montante de crédito concedido (9,8% em 2019)”. Também os contratos com taxa fixa registaram um aumento para 5,7% do número de contratos celebrados e para 5% do montante de crédito concedido (o que compara com 3,3% e 2,8% em 2019, respetivam­ente).

A maioria dos bancos tem ofertas de taxas mistas e fixas nos empréstimo­s para compra de casa. O Novo Banco refere que lançou em abril uma nova campanha de crédito à habitação onde consta a opção de taxa fixa, mas faz questão de frisar que não faz qualquer recomendaç­ão, sendo a escolha sempre do cliente. A Caixa Geral de Depósitos diz que, embora tenha “opções para taxas fixas com prazos determinad­os”, a existir uma mudança tem de ser o cliente a demonstrar o seu interesse.

Já o Santander adianta que tem um produto de taxa mista. E considera que a resposta equilibrad­a face aos atuais desafios está no meio termo, com um período de taxa fixa e outro de taxa variável no mesmo empréstimo.

Cláudio Santos, responsáve­l do Doutor Finanças, confirma que há cada vez mais interesse nas taxas fixas nos créditos à habitação tanto para quem já tem empréstimo­s, como para quem quer comprar casa. A decisão, frisa, deve sempre depender do tipo de contrato de crédito, do orçamento familiar e do perfil financeiro de cada família.

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