PRESIDENTE
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é o momento certo para fazer um balanço em relação ao SNS e pediu equílibrio nas contas públicas devido à “situação crítica” em que Portugal e a Europa se encontram.
OPresidente da República defendeu ontem a necessidade de “uma visão de conjunto” para o setor da saúde, alertando que “apagar fogos setoriais pontuais” pode levar a questão de fundo a ser “empurrada com a barriga para a frente”.
À margem da sessão de encerramento da conferência Dez Anos do Conselho das Finanças Públicas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre os problemas que se têm registado nas urgências de vários hospitais e se a ministra da Saúde teria condições para continuar. O chefe de Estado repetiu, por várias vezes, que “o problema não é da pessoa A, da pessoa B, ou da pessoa C” e “nem sequer de um Governo, deste ou de outros”. “O problema de fundo é estrutural. Se quiser é um bocadinho de haver políticas diferentes entre governos, isto exige uma certa estabilidade de políticas”, defendeu. Marcelo lembrou que o Governo não está em funções sequer há três meses e defendeu que, numa altura em que a pandemia da covid-19 se estará a resolver, é o momento de “fazer o balanço do SNS” e, “numa visão de conjunto”, “repensá-lo”, avaliar quais os meios e definir o que é prioritário.
Durante a conferência, o Presidente da República avisou ainda que o país não pode abdicar “em caso algum” da prioridade dada ao equilíbrio das contas públicas, defendendo que numa
“situação crítica” como a atual é preciso manter a “certeza nos princípios”.
“Mas é nestas situações imprevisíveis que é fundamental não nos afastarmos dos princípios: certeza nos princípios, lucidez na análise, perspicácia na decisão ajudarão a enfrentar esta situação crítica”, apontou.
O chefe de Estado admitiu que a evolução da taxa de inflação e a subida das taxas de juro representam “um desafio de monta para toda a sociedade portuguesa”, que requer “cuidadosíssima atenção na condução da política económica”.
Ao mesmo nível, colocou ainda a necessidade da contenção e redução da divida pública, reforçada pela “incerteza dos tempos”.