BE aponta falhas no acolhimento e pede ilações. Ministra promete mais apoio
REFUGIADOS De manhã, Catarina Martins deixou críticas aos processos de inclusão. À tarde, ministra deixou garantias de mais aulas de português para “estabelecer pontes.”
Acoordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apontou ontem que o processo de acolhimento de refugiados em Portugal tem tido falhas e pediu ao governo que faça uma reflexão sobre o que correu bem com pessoas da Ucrânia (rapidez nas autorizações de residência) e do Afeganistão (abertura de corredores humanitários) para que o mesmo seja aplicado agora.
No Dia Mundial do Refugiado, Catarina Martins esteve reunida na sede nacional do partido com Hamed Hamdard, refugiado afegão que ajuda pessoas que procurem asilo em Portugal, e com representantes do Serviço Jesuíta dos Refugiados e da ONG (organização não-governamental) Human Before Borders. Para a líder bloquista, “Portugal não tem feito a sua parte no acolhimento a refugiados”, considerando que o país tem sido “lento” no processo. “Negamos aulas de português, a legalização dos mais variados documentos, e acabamos por empurrar as famílias para outros países da Europa”, considerou.
Durante a intervenção, aproveitou também para questionar o governo sobre a promessa de acolhimento de 500 menores que chegaram à Grécia sem acompanhamento. Isto porque em 2020 o Executivo então em funções mostrou-se disponível para acolher 500 crianças que estavam no campo de refugiados de Moria. “Não sabemos o que aconteceu a estas crianças. Só acolhemos apenas metade dos menores que [o governo] prometeu acolher”, acusou. E, segundo a líder bloquista, mesmo as que chegaram, acabaram por ter problemas “diversos”, como é o caso das pensões sociais, que Catarina Martins diz serem inconsistentes.
Por sua vez, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, defendeu que a educação é fundamental para combater o fenómeno migratório e prometeu mais cursos de língua portuguesa para quem procura asilo. Na apresentação do livro A Aldeia que os Monstros Engoliram, que relata a história de uma menina moçambicana, Ana Catarina Mendes considerou que mais auxílio na aprendizagem do português servirá para “os que aqui chegarem encontrarem pontes e não barreiras através da língua” e deixou o repto. “É preciso dar um futuro às crianças” refugiadas.
Foi também essencialmente pelas crianças que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participou alguns minutos na apresentação do livro, uma ação “com pessoas” entre discussões em que participou ontem sobre política de defesa e finanças, como disse.
Mas a presença deveu-se também, explicou, à presença de ucranianos no evento, e que este era relacionado com Moçambique, a sua segunda pátria. Aos ucranianos, Marcelo Rebelo de Sousa disse que são sempre bem acolhidos, que Portugal os aceita enquanto quiserem, e de Moçambique lembrou as crianças que fogem da guerra em Cabo Delgado e o trabalho da Helpo para as ajudar, aproveitando para deixar um agradecimento: “Trata-se de ajudá-las a ter um mundo à sua frente. Vim aqui para agradecer à Helpo e aos que tentam fazer a vida dos outros um bocadinho melhor”, afirmou.