“A minha primeira visita a Portugal foi uma semana antes do incêndio do Chiado. Lembro-me perfeitamente de uma semana depois, já em Paris, ler no o que tinha acontecido.”
Le Monde
Quando regressei aos EUA quis voltar à minha escola (Peabody Institute) para tirar um mestrado. Mas na altura não aceitavam nenhum diploma feito na Europa. Fiquei furioso, tratei de arranjar um diploma numa universidade em Nova Iorque pela minha experiência e fiquei com uma licenciatura em Ciências para concorrer ao tal programa de mestrado na Peabody. E, finalmente, no ano escolar seguinte um pianista fantástico, Leon Fleisher, que morreu recentemente, aceitou a minha candidatura. Mas depois daquele trabalho todo entrei na escola e percebi que Baltimore era uma cidade muito pequena e provincial, decidi que tinha de me ir embora [risos]. Contudo, fui conhecendo algumas pessoas que me diziam que não devia deixar de tocar. Aconselharam-me a tirar um cursos com um pianista fantástico, Peter Feuchtwanger, que também já morreu, e isso mudou a minha vida. Ele tinha uma forma diferente de ensinar, dizia que se tinha uma voz quando se estava ao piano. Por isso fui para Londres durante um ano, quase sem dinheiro e quase sem nada para vestir, para ter aulas com ele. Mais tarde ofereceu-me uma bolsa de estudo e convenceu-me a ficar. Mas no verão desse ano, em 1981, a convite de um amigo voltei para Paris para fazer uma banda sonora do filme Qu’est-ce qu’on attend pour être heureux!, da realizadora francesa Coline Serreau. E durante esse trabalho conheci muita gente ligada à música que me convenceu a dar aulas de piano, o que acabei por fazer e ainda hoje faço.
E no meio dessas viagens como entra Portugal na sua vida?
A minha primeira visita a Portugal foi uma semana antes do incêndio do Chiado. Lembro-me perfeitamente de uma semana depois, já