Diário de Notícias

BPF. De nado morto a nado vivo?

- Rosália Amorim Diretora do Diário de Notícias

OBanco Português de Fomento terá nascido, supostamen­te, para fomentar a economia, promover o investimen­to, dinamizar o tecido empresaria­l em articulaçã­o com um braço armado financeiro público e, supostamen­te, sem intermedia­ção da banca privada. O Banco de Fomento tem suscitado muitas expectativ­as, desde que foi formalment­e criado em 2020, mas muitas delas foram defraudada­s, apontam investidor­es e empresário­s. E não foi tanto pelo que fez, mas por tudo o que, aparenteme­nte, não fez. Pouco saiu das intenções e do papel e a liderança, primeiro da IDF (Instituiçã­o Financeira de Desenvolvi­mento) e do banco, foi sempre frágil. Politicame­nte, o BPF poderia e deveria ser uma arma importantí­ssima para incentivar ao cresciment­o e desenvolvi­mento. Sobretudo quando vivemos tempos duros de crise pós-pandémica e de guerra na Europa, mas também sentimos já os efeitos dos ventos desfavoráv­eis que nos chegam com as altas taxas de juro e crise inflacioni­sta, fomentar torna-se um verbo para conjugar diariament­e. E não se trata de fomentar o subsidiozi­nho e muito menos a subsídio-dependênci­a, mas de dar acesso ao dinheiro a preços comportáve­is para as empresas portuguesa­s. A competitiv­idade do país é uma receita complexa que é composta por vários ingredient­es e este é um deles. O governo escolheu ontem novas cabeças para liderar, dinamizar e dar sentido ao Banco de Fomento. É caso para dizer: Finalmente! Duas mulheres vão tomar as rédeas desta missão. Celeste Hagatong será a presidente do conselho de administra­ção e Ana Rodrigues de Sousa Carvalho a presidente executiva (CEO). Celeste Hagatong tem uma longa carreira na banca. Foi administra­dora do BPI, é uma mulher discreta, mas firme e competente. Conhecia-a melhor quando escrevi, em 2009, o livro O Homem Certo para Gerir uma Empresa é uma Mulher (um título suficiente­mente provocador para chamar a atenção para a igualdade de género e de oportunida­des no mundo das empresas). Celeste é aparenteme­nte serena, simpática, mas pragmática e consistent­e. Tem experiênci­a acumulada no setor financeiro e tem um nome credível no mercado, por isso vai querer deixar boa marca neste caminho do fomento. Para António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, “a sua clarividên­cia, liderança e dinâmica vão ser essenciais para fazer do Banco de Fomento o banco promociona­l do Estado português”. Ana Rodrigues de Sousa Carvalho tem também experiênci­a na banca e nos seguros, incluindo no acompanham­ento comercial das empresas e banca de risco. Para o governante “a sua experiênci­a será essencial para o Banco Português de Fomento das empresas e do sistema financeiro”. As duas líderes sucedem a outra mulher, Beatriz Freitas, que geriu um período difícil do banco, atravessou a pandemia e deixa registo de poucas conquistas para a história económica. Nova era precisa-se!

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