Mil mortos em mais um desastre afegão
Milhares de casas destruídas, pelo menos mil mortos e 1500 feridos na sequência de mais um desastre natural no Afeganistão.
Ociclo de desastres naturais mantém o seu curso no Afeganistão. Um sismo de magnitude 5,9 na escala de Richter atingiu na madrugada de quarta-feira uma região remota no leste do país, na Província de Paktika, a sul da Província de Cabul e perto da fronteira com o Paquistão. Este terramoto que causou mais de mil mortos foi antecedido por inundações que, um pouco por todo o país, mataram 400 pessoas, e um outro sismo, em janeiro, dessa vez no oeste, causador de 30 vítimas.
“As pessoas estão a cavar sepultura após sepultura”, disse um dirigente da Província de Paktika, Mohammad Amin Huzaifa, quando atualizou o número de mortos, para pelo menos mil, e de feridos para 1500, alguns com gravidade. Huzaifa advertiu que ainda havia pessoas presas debaixo dos escombros, pelo que, como disse o chefe máximo dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, o número de vítimas deverá aumentar. Já o coordenador humanitário para o Afeganistão, Ramiz Alakbarov, apontou para 2000 casas destruídas.
O diretor do hospital Sharan, Mohammad Yahya Wiar, disse que, apesar da falta de meios, têm feito o melhor. “Eles estavam a chorar, e nós também estávamos a chorar”, conta sobre a chegada dos feridos.
Os esforços de salvamento foram dificultados porque a região sofria os efeitos de fortes chuvas que causaram quedas de rochas e deslizamentos de lama. Além do mais, os, já de si, fracos recursos para operações de busca e salvamento pior ficaram com a tomada do poder pelos fundamentalistas islâmicos.
O diretor da Saúde Pública da província, Hekmatullah, disse que os distritos são “muito remotos e com estradas por construir” e pedia um helicóptero para assegurar a transferência dos feridos. “O governo está a trabalhar dentro das suas capacidades”, comentou Anas Haqqani, um funcionário talibã, não sem pedir ajuda à comunidade internacional.
Com a chegada ao poder dos talibãs, em agosto do ano passado, muitas agências e organizações não-governamentais de assistência
humanitária saíram do país. As Nações Unidas estimam que 54% da população afegã necessite de ajuda durante este ano, enquanto a Save the Children calculava, em janeiro, que duas em cada três crianças precisam de assistência humanitária para chegarem a 2023.
A agência humanitária das Nações Unidas (OCHA) disse que estava a ser preparada ajuda para enviar o quanto antes para a região, em concertação com os talibãs. “As necessidades imediatas identificadas incluem assistência de emergência, abrigos de emergência e artigos não-alimentares, assistência alimentar e apoio WASH (água, saneamento e higiene)”, disse a OCHA. “Dadas as fortes chuvas fora de época e o frio, os abrigos de emergência são uma prioridade imediata.” A agência disse que, devido ao mau tempo, os helicópteros não puderam deslocar-se à região atingida.