Esquerda aponta contradição entre novas propostas do PSD e as medidas de Passos Coelho
Cortes de pensões e Lei Cristas recordados por candidatos socialistas e líderes do Bloco e do PCP.
As promessas de subida do complemento solidário para idosos para 820 euros até 2028 e da reposição integral do tempo de serviço dos professores, feitas por Luís Montenegro, foram recebidas pelos principais candidatos a secretário-geral do PS e pelos líderes do Bloco de Esquerda e do PCP com ataques à contradição entre o que foi dito no encerramento do 41.º Congresso do PSD e as medidas tomadas pelo Governo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015, quando Luís Montenegro estava à frente do grupo parlamentar social-democrata. Mas também com posições do seu partido nesta legislatura.
Reagindo à garantia dada por Montenegro de que não cortará “um cêntimo a nenhuma pensão” caso se torne primeiro-ministro, o socialista Pedro Nuno Santos acusou o presidente do PSD de repetir “o mesmo número que Passos Coelho fez em 201l”. Dirigindo-se aos pensionistas, o ex-ministro das Infraestruturas disse que o PSD “foi o partido que mais maltratou esse grupo de cidadãos portugueses”.
Já o seu principal rival nas eleições internas do PS, José Luís Carneiro, criticou o PSD por “estar agora a prometer tudo e a todos”, apesar de ter querido cortar as pensões em 600 milhões de euros quando estava a governar. O atual ministro da Administração Interna, que estava no Porto a apresentar um conjunto de propostas de apoios sociais, disse que os portugueses ainda se recordam que, quando era líder parlamentar do PSD, Montenegro “defendia políticas com as quais estivemos em total oposição, desde cortes nas pensões, cortes nos salários e o apelo a que os jovens e os professores abandonassem o país”.
Num almoço-comício realizado na Marinha Grande, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua disse que “o PSD tem uma história que o povo não esquece e que o povo não perdoa”, pois da última vez que governou Portugal “escolheu aumentar os impostos e congelar as pensões, mesmo tendo prometido fazer exatamente o contrário”.
Por outro lado, referindo-se às garantias deixadas pelo presidente do PSD de que conseguirá resolver o problema da habitação caso venha a ser primeiro-ministro, Mariana Mortágua – a quem o líder social-democrata chamou “Cinderela” no seu primeiro discurso aos congressistas neste sábado – criticou o impacto da Lei Cristas, dizendo que o Governo PSD-CDS “impôs uma lei para aumentar as rendas”, promovendo o Alojamento Local e os resorts turísticos, “sem medida e sem limite”, além de que “inventou os Vistos Gold”.
Por seu lado, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, realçou que o PSD ainda há poucos dias recusou propostas do grupo parlamentar comunista com vista ao aumento de pensões e reformas, apresentadas durante a votação do Orçamento do Estado para 2024.
Para o líder comunista, Luís Montenegro “tentou pôr o conta-quilómetros a zero”, mas “é notável ouvir o PSD prometer aumentos de pensões e de reformas”, acrescentando que “não vale a pena recuarmos oito anos para lhes lembrar o corte que eles fizeram nas reformas e nas pensões”, e “recuarmos oito anos para os confrontarmos com o maior aumento de impostos de todos os tempos, que foi aquele do Governo PSD-CDS”.
Pedro Nuno Santos Candidato à liderança do PS
José Luís Carneiro Candidato à liderança do PS