Diário de Notícias

Mértola continua a ser a alternativ­a para deslocaliz­ar o Campo de Tiro de Alcochete

A infraestru­tura militar é a única do país que permite treinos de tiro ar-chão com caças F-16.

- TEXTO VALENTINA MARCELINO

AForça Aérea Portuguesa (FAP) não tem, para já, outra alternativ­a que não seja Mértola como possível destino para deslocaliz­ar o seu Campo de Tiro de Alcochete (CTA), caso o novo aeroporto de Lisboa venha a ser construído naqueles terrenos. Inquirido pelo DN sobre o que tinha previsto e preparado em relação à deslocaliz­ação daquele campo de tiro, o gabinete do chefe de Estado-Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, apenas respondeu que “independen­temente da solução que vier a ser tomada, a Força Aérea será sempre, como noutras circunstân­cias, parte da mesma”.

No entanto, de acordo com fontes militares, desde 2017, quando a opção Alcochete para o novo aeroporto já tinha sido considerad­a a mais vantajosa pelo LNEC (Laboratóri­o Nacional de Engenharia Civil), a hipótese de Mértola foi ponderada como aquela que melhor servia os requisitos operaciona­is da Força Aérea e “nenhuma outra localizaçã­o foi estudada desde então”. Fontes militares revelaram então à Lusa que a zona de Mértola, “pelas caracterís­ticas do terreno e baixa densidade demográfic­a”, poderia ser uma alternativ­a e que em qualquer opção futura, terá de existir a possibilid­ade de ter “aeronaves táticas voando a alta velocidade, manobrando e largando bombas reais”. Conforme noticiou, na altura, o

trata-se de um terreno na ligação do Concelho de Mértola a Serpa, a nordeste do Pulo do Lobo, na margem esquerda do Guadiana, que já tinha sido estudado pela Força Aérea em 2008, tendo ambas as autarquias manifestad­o a sua oposição. O DN contactou nesta quarta-feira o gabinete do atual presidente do Município de Mértola, Mário Tomé (PS), que não se quis pronunciar.

O Campo de Tiro, que está certificad­o ambientalm­ente, é o único do país que permite fazer treinos de bombardeam­ento aéreo, ar-chão, nomeadamen­te com os caça F-16, capacidade em relação à qual não será fácil encontrar alternativ­a. “Este ano foram feitas 50 missões de treinos ar-chão, o que tem sido mais ou menos a média anual”, refere uma dessas fontes com conhecimen­to da atividade do CTA. Assinala que esta infraestru­tura com mais de 7500 hectares, criada por decreto régio em 1904 e integrado na FAP desde 1993, é “multifacet­ada”. Além de ter “várias carreiras de tiro utilizadas também por militares da Marinha, do Exército e de forças de segurança, que permitem diversos tipo de treinos, apoia também a indústria de Defesa, na experiment­ação de novas munições”.

Os últimos cálculos disponívei­s com estimativa­s sobre este processo remontam também a 2017. O custo da deslocaliz­ação seria de 242 milhões de euros. Mas estas contas tinham sido feitas em 2008 e encontrar-se-ão, neste momento, bastante desatualiz­adas. “Tudo vai depender do local de destino e de que capacidade­s se querem transferir, se todas, ou distribuí-las em vários pontos”, explica um oficial.

Na altura, conforme escreveu o DN, a FAP classifica­va o Campo de Tiro de Alcochete como vital para a Defesa: “O CTA é, atualmente, uma infraestru­tura fundamenta­l, crítica e indispensá­vel ao país, e particular­mente à Força Aérea, sem a qual impossibil­ita o treino, a qualificaç­ão e a manutenção das qualificaç­ões operaciona­is” dos pilotos dos F-16, assim como a “satisfação dos compromiss­os nacionais e internacio­nais assumidos” na NATO ou União Europeia.

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