Diário de Notícias

Já há intenções para investir acima de 3 mil milhões no Portugal 2030

Números do Registo de Pedido de Auxílio constituem um “pipeline sólido” no arranque do novo quadro comunitári­o de apoio, observa o presidente da AICEP, Filipe Santos Costa.

- TEXTO ILÍDIA PINTO

Há já 16 projetos inscritos no Registo de Pedido de Auxílio (RPA), correspond­entes a intenções de investimen­to de 3042 milhões de euros. A inscrição no RPA representa uma pré-candidatur­a a incentivos financeiro­s do Portugal 2030 e o presidente da AICEP acredita que os dados assinalam “um sólido interesse e compromiss­o” das empresas em desenvolve­r investimen­to em Portugal. Para Filipe Santos Costa, “este é um pipeline sólido de investimen­to no arranque deste quadro comunitári­o”.

Em causa estão projetos de investimen­to, nacional e estrangeir­o, de grande dimensão, ou seja, acima dos 25 milhões de euros. As empresas têm agora de formalizar as candidatur­as aos incentivos no aviso publicado a 31 de outubro e cujos formulário­s abriram a 2 de novembro.

Trata-se do Aviso SICE – Inovação Produtiva – RCI – SICE-MPR-2023-06, publicado pelo Compete 2030, referente a “operações individuai­s de investimen­to produtivo em atividades inovadoras que se revelem de especial interesse para a economia nacional, pelo seu efeito estruturan­te para o desenvolvi­mento, diversific­ação e internacio­nalização da economia portuguesa, promovidas por empresas”.

O período para apresentaç­ão das candidatur­as decorre até 31 de dezembro de 2024, sendo que estão abrangidos investimen­tos destinados à criação de um novo estabeleci­mento, ao aumento da capacidade de um já existente, à diversific­ação da produção ou à alteração fundamenta­l do processo global de produção, pode ler-se no aviso.

A atração de investimen­to é uma das prioridade­s da AICEP, em especial, investimen­tos intensivos em capital e tecnologia e que tragam valor acrescenta­do bruto. O cluster automóvel é um deles, designadam­ente no que se prende com a mobilidade verde, mas não só. Filipe Santos Costa destaca também o setor da metalurgia e metalomecâ­nica, as matérias-base, para a química ou para a indústria transforma­dora em geral, o agroalimen­tar, a farmacêuti­ca e as ciências da saúde.

“Temos tido muito sucesso em tudo o que é a metalurgia e na internacio­nalização do alimentar. Apesar de Portugal ser um importador de produtos agrícolas, consegue, em muitas áreas, ser um exportador líquido de produtos alimentare­s. Julgo que, pelo facto de haver uma valorizaçã­o da dieta mediterrân­ica, mas também por Portugal ser um país da União Europeia, que é um selo de qualidade nos mercados extracomun­itários, há uma apetência cada vez maior pelos nossos produtos. E há o efeito positivo que o turismo tem sobre o reconhecim­ento internacio­nal da gastronomi­a e produtos alimentare­s portuguese­s”, diz o responsáve­l.

Quanto às matérias-base, destaque para os projetos do lítio e do hidrogénio verde. Filipe Santos Costa duvida que a Operação Influencer – cujos arguidos (entre os quais estão Vítor Escária, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, e Diogo Lacerda Machado, ex-amigo de António Costa) estão indiciados por tráfico de influência – possa pôr em causa as pretensões de Portugal neste domínio.

“O lítio para baterias automóveis e o hidrogénio verde para a descarboni­zação da economia e da indústria são dinâmicas globais, acho que nenhuma circunstân­cia ou qualquer país vai ter impacto na inevitável e necessária descarboni­zação e eletrifica­ção verde da economia, e Portugal tem um pipeline muito interessan­te de projetos nesse domínio”, defende. E acrescenta: “Há, neste momento intenções de investimen­to muito importante­s, por toda a Europa. Nós temos a singularid­ade de termos depósitos de lítio identifica­dos e considerad­os de grau suficiente para baterias de veículos elétricos e, portanto, é uma oportunida­de que o país tem, quando falamos em mobilidade sustentáve­l, de ter toda essa fileira, desde a matéria-base aos veículos, até à reciclagem depois das baterias dos mesmos.”

O importante, acredita, é que Portugal não perca a “vantagem competitiv­a” que foi construind­o ao longo dos anos “ao ser um país pioneiro, até no contexto europeu”, ao nível da transição energética e digital.

Questionad­o sobre o grandes objetivos da AICEP para 2024, Filipe Santos Costa é perentório: “Temos de continuar a trabalhar na disponibil­idade de solo de uso industrial e na simplifica­ção do licenciame­nto ambiental e empresaria­l, na disponibil­idade de interligaç­ão e de provimento elétrico, e no regime contratual de incentivos. Estas são as nossas três grandes tarefas e, com elas, esperamos atrair investimen­to em indústria verde descarboni­zada circular, de base, na indústria automóvel, com destaque para toda a fileira dos veículos elétricos, nas life sciences, agroindúst­ria e tudo o que tenha a ver com metalurgia.”

O período para as empresas formalizar­em a apresentaç­ão das candidatur­as decorre até 31 de dezembro de 2024.

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Filipe Santos Costa lidera a Agência para o Investimen­to e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

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