Diário de Notícias

Biden contorna Congresso e dá nova ajuda à Ucrânia

Líder da diplomacia dos Estados Unidos diz que será um dos últimos apoios a Kiev caso não haja um entendimen­to no Capitólio.

- TEXTO ANA MEIRELES Com AGÊNCIAS

Opresident­e dos Estados Unidos advertiu ontem o Congresso de que o desbloquei­o de fundos para a Ucrânia “não pode esperar mais”, perante democratas e republican­os incapazes de chegar a acordo sobre um novo pacote de ajuda a Kiev. “Acho impression­ante que tenhamos chegado a este ponto”, afirmou Joe Biden, acrescenta­ndo que os líderes do Congresso estão “dispostos a dar a Putin o maior presente que ele poderia esperar e a abandonar a nossa liderança global”.

“Quem está preparado para deixar de responsabi­lizar Putin? Quem está preparado para fazer isso?”, continuou a questionar Joe Biden, garantindo que os Estados Unidos estão empenhados em prosseguir o seu apoio à Ucrânia e avisando que, se Putin conquistar este país, “não irá parar por aí”.

Enquanto Joe Biden discursava na Casa Branca, o Departamen­to de Estado confirmava que os Estados Unidos fornecerão um novo pacote de ajuda militar a Kiev no valor de cerca de 162 milhões de euros, ajuda que não está relacionad­a com o pacote parado no Congresso – será fornecido através da autoridade presidenci­al de retirada presidenci­al, que permite retirar armas dos suprimento­s existentes nos EUA para garantir que cheguem rapidament­e às linhas de frente.

“Os meios fornecidos no pacote de hoje [ontem] incluem munições de defesa antiaérea, mais munições para os sistemas de lançamento de rockets de artilharia de alta mobilidade, munições de artilharia, mísseis antirradia­ção de alta velocidade, mísseis antiblinda­dos, munições para armas ligeiras, munições de demolição para remoção de obstáculos, equipament­o para proteger infraestru­turas nacionais essenciais e peças sobressale­ntes, equipament­o auxiliar, serviços, treino e transporte­s”, especifico­u o Departamen­to de Estado norte-americano.

Já o chefe da diplomacia dos EUA defendeu, no mesmo comunicado, que, “até que a Rússia ponha fim a esta guerra, cessando os seus ataques brutais e retirando as suas forças da Ucrânia, é fundamenta­l que os Estados Unidos continuem a liderar a coligação que construímo­s, constituíd­a por mais de 50 países que apoiam firmemente a Ucrânia”.

“A Rússia só espera uma coisa: que a unidade do mundo livre se desfaça no próximo ano. A Rússia pensa que a América e a Europa darão provas de fraqueza e não manterão o seu apoio à Ucrânia ao nível apropriado”, prosseguiu Antony Blinken, recordando que “a menos que o Congresso aja no sentido de aprovar o pedido de financiame­nto suplementa­r do presidente para a segurança nacional, este será um dos últimos pacotes de assistênci­a em matéria de segurança que o país poderá prestar à Ucrânia”.

Zelensky agradece ajuda

Uma ajuda que foi bem recebida por Volodymyr Zelensky. “Sou grato ao presidente Joe Biden, ao Congresso e ao povo americano pelo novo pacote de ajuda militar anunciado hoje [ontem]. Munições adicionais para defesa aérea, HIMARS e artilharia são muito necessária­s nas linhas de frente. O apoio contínuo permite uma defesa robusta da liberdade”, escreveu o presidente ucraniano na rede social X.

De recordar que o presidente ucraniano deveria ter-se dirigido na terça-feira aos membros do Congresso dos Estados Unidos por videoconfe­rência, mas cancelou o discurso à última hora sem apresentar qualquer justificaç­ão.

Ontem, numa videoconfe­rência com os dirigentes do G7, Volodymyr Zelensky afirmou que Vladimir Putin está a contar com “o colapso” do apoio ocidental à Ucrânia e admitiu que o Exército Russo “aumentou a pressão de forma significat­iva” na frente de batalha.

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