Diário de Notícias

Os eleitores portuguese­s anunciaram que precisam de um primeiro-ministro confiável. E nenhum dos dois conseguiu sê-lo. Vemo-nos em dezembro.”

- Consultora política

Àhora a que escrevo, os resultados ainda estão por definir. Qualquer um poderá vencer à pele, mas as vitórias não serão iguais. Ora vejamos.

A Aliança Democrátic­a arrisca-se a ter um resultado pior do que o PSD teve aquando da maioria absoluta de António Costa. Ainda assim, a conseguir ganhar, Luís Montenegro poderá reclamar a vitória para si – será sempre apesar dos tropeções das figuras AD. Perdendo, Luís Montenegro precisará de coragem política para se manter fiel a si mesmo e rejeitar coligações com os quase 50 deputados do Chega. Ficará, assim, dependente da boa vontade de um Partido Socialista que sai reforçado: mesmo perdendo, perde por unha negra depois de 8 anos encerrados por uma queda precipitad­a e nebulosa.

É que António Costa consegue o impensável – e os resultados de Pedro Nuno comprovam-no. Mas o resultado dos socialista­s não vem do mérito das propostas transforma­doras, porque não são, não vem da confiabili­dade assoberban­te de Pedro Nuno, porque não a transmite, nem da falta de alternativ­a há direita, porque os portuguese­s viraram a maioria sociológic­a. Vem de António Costa, que conseguiu que a única coisa de que se falasse em campanha fosse as contas certas do seu Governo.

E, do outro lado do espelho, os resultados não existem porque Passos Coelho inspirou os reformados, nem porque as declaraçõe­s inusitadas de Paulo Núncio mobilizara­m o voto mais extremado. A Aliança Democrátic­a consegue escapar-se do entalanço entre duas forças nas suas pontas porque Luís Montenegro reconheceu a estratégia de Cavaco e reclamou-a para si, contra tudo e contra todos. Querendo sobreviver, terá de se equilibrar na corda bamba até à votação do seu Orçamento em outubro,

Seja qual for o resultado, anunciávam­os a preferênci­a pela estabilida­de, mas perdemos. A mudança não é sociológic­a. Os eleitores portuguese­s anunciaram hoje [ontem] que precisam de um primeiro-ministro confiável. E nenhum dos dois conseguiu sê-lo.

Vemo-nos em dezembro.

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