Kiev diz ao Papa que “nunca” levantará a bandeira branca
Chefe da Diplomacia lembra que a bandeira ucraniana é amarela e azul: E é por ela que “vivemos, morremos e triunfaremos”.
AUcrânia disse ontem que nunca se renderá à Rússia e criticou as declarações do Papa Francisco, que pediu às partes em conflito que tenham “a coragem de levantar a bandeira branca e negociar”. Ontem, pelo menos três pessoas morreram e 12 ficaram feridas num ataque russo no leste da Ucrânia, apesar de Kiev ter conseguido destruir 35 dos 39 drones Shahed disparados pela Rússia.
“A nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfaremos. Nunca levantaremos outras bandeiras”, disse o chefe da Diplomacia ucraniano, Dmytro Kuleba, no X.
“No que diz respeito à bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século XX. Peço-lhe que evite repetir os erros do passado e que apoie a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida”, acrescentou, fazendo referência à relação entre a Igreja Católica e a Alemanha nazi.
Kuleba afirmou, entretanto, que espera que o Papa argentino “encontre a oportunidade de fazer uma visita canónica à Ucrânia”.
Numa entrevista divulgada pela televisão pública suíça RTS no sábado, Francisco pediu para que não haja vergonha em negociar “antes que as coisas piorem”, quando questionado sobre a guerra na Ucrânia. “Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar”, disse.
Já depois da entrevista ser revelada, o Papa ofereceu novas orações pela “Ucrânia martirizada”, enquanto autoridades do Vaticano esclareceram que o seu apelo tinha simplesmente a intenção de acabar com os combates ferozes.