As aplicações de encontros atingiram uma barreira. Conseguirão dar a volta à situação?
Geração Z é o principal “alvo” das empresas que disponibilizam estes serviços. Problema: tem pouco interesse em pagar. Não há jovens suficientes dispostos a pagar pelas subscrições das aplicações de encontros e não se sabe ao certo o que poderá mudar este
Àmedida que os encontros online se foram tornando tão simples como deslizar o dedo pelo ecrã do telemóvel, as empresas donas de aplicações como o Tinder e o Bumble tornaram-se favoritas de Wall Street. Contudo, cerca de uma década depois, essas plataformas estão a ter dificuldades em corresponder às expectativas e os investidores sentem-se frustrados.
O Match Group e o Bumble — que dominam quase todo o setor em termos de quota de mercado — perderam mais de 40 mil milhões de dólares em valor de mercado desde 2021. Mesmo numa época em que as aplicações são essenciais nos smartphones das pessoas, as duas empresas estão a despedir funcionários e a reportar um crescimento pírrico de receitas.
Ambas as empresas contrataram recentemente líderes que prometeram experimentar novas funcionalidades, na esperança de captar o crescimento que os investidores desejam. Porém, deparam-se com um obstáculo crucial: não há jovens suficientes dispostos a pagar pelas subscrições das aplicações de encontros – em parte porque estão cada vez mais interessados em plataformas como o SnapChat e o TikTok para se conhecerem – e não se sabe ao certo o que poderá mudar este cenário.
O Match Group e o Bumble geram a maior parte das suas receitas – cerca de 4,2 mil milhões de dólares em ambas as empresas no ano passado – através da venda de subscrições. Mas estão a ter dificuldade para aumentá-las. O Match Group conseguiu manter as receitas estáveis no ano passado apenas graças ao aumento dos preços.
Na perspetiva dos investidores, as empresas precisam de convencer mais utilizadores jovens a pagar.
Ao pagarem, os utilizadores conseguem desbloquear funcionalidades como a capacidade de deslizar de forma ilimitada e a possibilidade de verem quem os rejeitou. No entanto, para muitas pessoas, isso não é suficiente: ao contrário de outros serviços de subscrição paga, como o Spotify ou a Netflix, as aplicações de encontros não garantem que encontrará o que procura.
Nos Estados Unidos, 30% dos adultos, e mais de metade dos adultos com menos de 30 anos, utilizam aplicações de encontros, de acordo com um estudo do Pew Research Center divulgado no ano passado. Cerca de um terço dos utilizadores de aplicações de encontros afirmaram ter pagado por elas.
Os Millennials estavam na idade ideal para namorar quando o Tinder foi lançado, mas são cada vez mais os que se casaram nos últimos anos. Agora, os principais utilizadores são da Geração Z [nascidos em média entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010], um grupo demográfico mais jovem – e mais pequeno – com menos rendimentos disponíveis.
Jess Carbino, ex-socióloga do Tinder que agora é consultora e formadora de encontros, afirma que os jovens “ainda têm vontade de usar aplicações de encontros online, mas não têm necessariamente um sentido de urgência para encontrar um parceiro”.