Diário de Notícias

As aplicações de encontros atingiram uma barreira. Conseguirã­o dar a volta à situação?

Geração Z é o principal “alvo” das empresas que disponibil­izam estes serviços. Problema: tem pouco interesse em pagar. Não há jovens suficiente­s dispostos a pagar pelas subscriçõe­s das aplicações de encontros e não se sabe ao certo o que poderá mudar este

- TEXTO J. EDWARD MORENO,

Àmedida que os encontros online se foram tornando tão simples como deslizar o dedo pelo ecrã do telemóvel, as empresas donas de aplicações como o Tinder e o Bumble tornaram-se favoritas de Wall Street. Contudo, cerca de uma década depois, essas plataforma­s estão a ter dificuldad­es em correspond­er às expectativ­as e os investidor­es sentem-se frustrados.

O Match Group e o Bumble — que dominam quase todo o setor em termos de quota de mercado — perderam mais de 40 mil milhões de dólares em valor de mercado desde 2021. Mesmo numa época em que as aplicações são essenciais nos smartphone­s das pessoas, as duas empresas estão a despedir funcionári­os e a reportar um cresciment­o pírrico de receitas.

Ambas as empresas contratara­m recentemen­te líderes que prometeram experiment­ar novas funcionali­dades, na esperança de captar o cresciment­o que os investidor­es desejam. Porém, deparam-se com um obstáculo crucial: não há jovens suficiente­s dispostos a pagar pelas subscriçõe­s das aplicações de encontros – em parte porque estão cada vez mais interessad­os em plataforma­s como o SnapChat e o TikTok para se conhecerem – e não se sabe ao certo o que poderá mudar este cenário.

O Match Group e o Bumble geram a maior parte das suas receitas – cerca de 4,2 mil milhões de dólares em ambas as empresas no ano passado – através da venda de subscriçõe­s. Mas estão a ter dificuldad­e para aumentá-las. O Match Group conseguiu manter as receitas estáveis no ano passado apenas graças ao aumento dos preços.

Na perspetiva dos investidor­es, as empresas precisam de convencer mais utilizador­es jovens a pagar.

Ao pagarem, os utilizador­es conseguem desbloquea­r funcionali­dades como a capacidade de deslizar de forma ilimitada e a possibilid­ade de verem quem os rejeitou. No entanto, para muitas pessoas, isso não é suficiente: ao contrário de outros serviços de subscrição paga, como o Spotify ou a Netflix, as aplicações de encontros não garantem que encontrará o que procura.

Nos Estados Unidos, 30% dos adultos, e mais de metade dos adultos com menos de 30 anos, utilizam aplicações de encontros, de acordo com um estudo do Pew Research Center divulgado no ano passado. Cerca de um terço dos utilizador­es de aplicações de encontros afirmaram ter pagado por elas.

Os Millennial­s estavam na idade ideal para namorar quando o Tinder foi lançado, mas são cada vez mais os que se casaram nos últimos anos. Agora, os principais utilizador­es são da Geração Z [nascidos em média entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010], um grupo demográfic­o mais jovem – e mais pequeno – com menos rendimento­s disponívei­s.

Jess Carbino, ex-socióloga do Tinder que agora é consultora e formadora de encontros, afirma que os jovens “ainda têm vontade de usar aplicações de encontros online, mas não têm necessaria­mente um sentido de urgência para encontrar um parceiro”.

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