Diário de Notícias

Schmidt admite tomar uma atitude depois de ouvir queixas de Kökçü

Médio queixou-se de ter pouca importânci­a na equipa e de ter funções defensivas. Schmidt prometeu conversa com ele e não revelou se contará com o jogador hoje frente ao Casa Pia. “Quero dar muito mais à equipa. Schmidt prende-me demasiado a todo o tipo de

- TEXTO CARLOS NOGUEIRA

Roger Schmidt assumiu ontem a possibilid­ade de “tomar decisões” depois de falar com Orkun Kökçü, na sequência da entrevista que o médio deu ao jornal neerlandês De Telegraaf, no qual se queixou de não se sentir importante na equipa e de estar demasiado agarrado a funções defensivas no Benfica. À hora de almoço, o treinador do Benfica admitiu ter conhecimen­to da referida entrevista, mas garantiu que não a tinha lido, remetendo para depois uma conversa com o internacio­nal turco. “Claro que vou falar com ele. Nestes momentos, é preciso obter alguma informação do jogador. Depois tomarei as minhas decisões”, afirmou, ficando assim a dúvida se o médio será opção para o jogo desta tarde (18.00 horas, SportTV ) em Rio Maior, com o Casa Pia, da 26.ª jornada da I Liga.

Ao jornal neerlandês, Kökçü disse estar insatisfei­to com o papel que lhe foi atribuído por Roger Schmidt. “Passei por um período difícil por causa do problema com a minha posição na equipa”, disse, acrescenta­ndo que esta primeira época na Luz “não foi o que esperava”. “No verão fiz uma escolha consciente pelo Benfica, com a ideia de que este era o melhor passo para a minha carreira, para me desenvolve­r ainda mais em todas as áreas, mas isso aconteceu apenas em parte”, disse o turco contratado ao Feyenoord por 25 milhões de euros, verba que o colocou como a transferên­cia mais avultada de sempre do Benfica.

No entanto, Kökçü não sente que o dinheiro investido tenha correspond­ência com o tratamento que lhe tem sido dado. “Vi como outros jogadores foram colocados em destaque em Portugal e em outros grandes clubes. Isso cria um certo status. Desde o início que nunca me fizeram sentir importante. Nem o treinador. Mas não sou o tipo de pessoa que bate o punho na mesa ou faz exigências, mas talvez tenha sido modesto demais, justamente pelo papel que o treinador me deu”, atirou, garantindo que, antes, Schmidt lhe disse que “teria uma função semelhante à que tinha no Feyenoord”, onde definia “as linhas de passe e os caminhos do jogo da equipa”. “Sempre quis jogar para a frente”, sublinhou.

O médio Kökçü vai ter de dar explicaçõe­s ao treinador Roger Schmidt.

O médio reforçou a ideia de que Schmidt lhe disse que “seria um jogador importante” na equipa e “o clube também disse o mesmo”. “O treinador não precisou de falar muito sobre o que pretendia de mim. Pareceu-me bastante lógico como deveria jogar no Benfica. Joguei ótimas partidas contra ele nos Países Baixos e pensei: ‘Ele saberá o que fazer com minhas qualidades’”, acrescento­u.

Nesse sentido, disse ser um tipo de jogador “mais eficiente se tiver liberdade”. “Quero dar muito mais à equipa. Schmidt prende-me demasiado a todo o tipo de tarefas defensivas. E isso não é necessário, se quiser rentabiliz­ar as minhas qualidades. Consigo encontrar soluções no campo, penso à frente, sou conhecido pelo meu passe em progressão. Mesmo esta época, as estatístic­as sublinham isso. Ainda posso significar muito mais para o Benfica, talvez seja aí que reside uma parte da minha frustração.”

Kökçü admitiu ainda ter ficado “irritado e dececionad­o” nas vezes que foi substituíd­o ao intervalo. “Naqueles momentos, sabia que poderia dar muito mais à equipa.”

Apesar desta situação criada pelo médio, Roger Schmidt considerou ser “absolutame­nte normal” a existência de problemas durante a época, pois “faz parte do futebol orientar os jogadores da melhor forma e falar com eles sobre os problemas, que têm de ser resolvidos”.

Nesse sentido disse estar “muito satisfeito com a personalid­ade da equipa”e ainda “muito feliz por orientar” esta equipa. “Gosto do ambiente e claro que os problemas têm de ser resolvidos quando aparecem. Tenho de ler a entrevista de Kökçü, mas ele tem jogado bem. Claro que teve algumas dificuldad­es, chegou a estar lesionado. A primeira época nunca é tão fácil como esperamos, são coisas que fazem parte. De forma geral, acho que temos uma equipa com muita personalid­ade e o espírito de equipa é muito bom”, realçou.

Alheado da contestaçã­o

Depois de definir o Marselha – próximo adversário na Liga Europa – como uma equipa “muito boa, com muita experiênci­a internacio­nal”, acrescenta­ndo que “será preciso fazer um bom jogo na primeira mão na Luz”, Schmidt foi questionad­o sobre o facto de estar a ser contestado e, mesmo assim, ser a única equipa portuguesa em três frentes. “Quando treinamos o Benfica, as críticas existem. É quase impossível não acontecer. Reconheço que existe muito apoio à equipa e eu faço parte dela. O importante é o Benfica, não eu”, começou por dizer, lembrando que o seu objetivo é “ganhar títulos” para deixar “os adeptos satisfeito­s”.

Por isso, diz alhear-se da contestaçã­o e focar-se na “preparação da equipa para que possa ganhar jogos”. “Em momentos mais difíceis, o meu foco está no relvado. Não consigo resolver problemas em entrevista­s ou noutros contextos, os problemas têm de ser resolvidos em campo. Não sou afetado pelas críticas porque também sinto muito apoio dos adeptos”, argumentou, deixando um aviso: “Se queremos ganhar títulos, precisamos de apoio e temos de ser uma boa equipa. Não é bom estarmos focados em coisas negativas, pois quem tem um espírito negativo, quase sempre faz mais ruído. Faz parte do futebol e da sociedade, mas isso não me afeta.”

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