Schmidt admite tomar uma atitude depois de ouvir queixas de Kökçü
Médio queixou-se de ter pouca importância na equipa e de ter funções defensivas. Schmidt prometeu conversa com ele e não revelou se contará com o jogador hoje frente ao Casa Pia. “Quero dar muito mais à equipa. Schmidt prende-me demasiado a todo o tipo de
Roger Schmidt assumiu ontem a possibilidade de “tomar decisões” depois de falar com Orkun Kökçü, na sequência da entrevista que o médio deu ao jornal neerlandês De Telegraaf, no qual se queixou de não se sentir importante na equipa e de estar demasiado agarrado a funções defensivas no Benfica. À hora de almoço, o treinador do Benfica admitiu ter conhecimento da referida entrevista, mas garantiu que não a tinha lido, remetendo para depois uma conversa com o internacional turco. “Claro que vou falar com ele. Nestes momentos, é preciso obter alguma informação do jogador. Depois tomarei as minhas decisões”, afirmou, ficando assim a dúvida se o médio será opção para o jogo desta tarde (18.00 horas, SportTV ) em Rio Maior, com o Casa Pia, da 26.ª jornada da I Liga.
Ao jornal neerlandês, Kökçü disse estar insatisfeito com o papel que lhe foi atribuído por Roger Schmidt. “Passei por um período difícil por causa do problema com a minha posição na equipa”, disse, acrescentando que esta primeira época na Luz “não foi o que esperava”. “No verão fiz uma escolha consciente pelo Benfica, com a ideia de que este era o melhor passo para a minha carreira, para me desenvolver ainda mais em todas as áreas, mas isso aconteceu apenas em parte”, disse o turco contratado ao Feyenoord por 25 milhões de euros, verba que o colocou como a transferência mais avultada de sempre do Benfica.
No entanto, Kökçü não sente que o dinheiro investido tenha correspondência com o tratamento que lhe tem sido dado. “Vi como outros jogadores foram colocados em destaque em Portugal e em outros grandes clubes. Isso cria um certo status. Desde o início que nunca me fizeram sentir importante. Nem o treinador. Mas não sou o tipo de pessoa que bate o punho na mesa ou faz exigências, mas talvez tenha sido modesto demais, justamente pelo papel que o treinador me deu”, atirou, garantindo que, antes, Schmidt lhe disse que “teria uma função semelhante à que tinha no Feyenoord”, onde definia “as linhas de passe e os caminhos do jogo da equipa”. “Sempre quis jogar para a frente”, sublinhou.
O médio Kökçü vai ter de dar explicações ao treinador Roger Schmidt.
O médio reforçou a ideia de que Schmidt lhe disse que “seria um jogador importante” na equipa e “o clube também disse o mesmo”. “O treinador não precisou de falar muito sobre o que pretendia de mim. Pareceu-me bastante lógico como deveria jogar no Benfica. Joguei ótimas partidas contra ele nos Países Baixos e pensei: ‘Ele saberá o que fazer com minhas qualidades’”, acrescentou.
Nesse sentido, disse ser um tipo de jogador “mais eficiente se tiver liberdade”. “Quero dar muito mais à equipa. Schmidt prende-me demasiado a todo o tipo de tarefas defensivas. E isso não é necessário, se quiser rentabilizar as minhas qualidades. Consigo encontrar soluções no campo, penso à frente, sou conhecido pelo meu passe em progressão. Mesmo esta época, as estatísticas sublinham isso. Ainda posso significar muito mais para o Benfica, talvez seja aí que reside uma parte da minha frustração.”
Kökçü admitiu ainda ter ficado “irritado e dececionado” nas vezes que foi substituído ao intervalo. “Naqueles momentos, sabia que poderia dar muito mais à equipa.”
Apesar desta situação criada pelo médio, Roger Schmidt considerou ser “absolutamente normal” a existência de problemas durante a época, pois “faz parte do futebol orientar os jogadores da melhor forma e falar com eles sobre os problemas, que têm de ser resolvidos”.
Nesse sentido disse estar “muito satisfeito com a personalidade da equipa”e ainda “muito feliz por orientar” esta equipa. “Gosto do ambiente e claro que os problemas têm de ser resolvidos quando aparecem. Tenho de ler a entrevista de Kökçü, mas ele tem jogado bem. Claro que teve algumas dificuldades, chegou a estar lesionado. A primeira época nunca é tão fácil como esperamos, são coisas que fazem parte. De forma geral, acho que temos uma equipa com muita personalidade e o espírito de equipa é muito bom”, realçou.
Alheado da contestação
Depois de definir o Marselha – próximo adversário na Liga Europa – como uma equipa “muito boa, com muita experiência internacional”, acrescentando que “será preciso fazer um bom jogo na primeira mão na Luz”, Schmidt foi questionado sobre o facto de estar a ser contestado e, mesmo assim, ser a única equipa portuguesa em três frentes. “Quando treinamos o Benfica, as críticas existem. É quase impossível não acontecer. Reconheço que existe muito apoio à equipa e eu faço parte dela. O importante é o Benfica, não eu”, começou por dizer, lembrando que o seu objetivo é “ganhar títulos” para deixar “os adeptos satisfeitos”.
Por isso, diz alhear-se da contestação e focar-se na “preparação da equipa para que possa ganhar jogos”. “Em momentos mais difíceis, o meu foco está no relvado. Não consigo resolver problemas em entrevistas ou noutros contextos, os problemas têm de ser resolvidos em campo. Não sou afetado pelas críticas porque também sinto muito apoio dos adeptos”, argumentou, deixando um aviso: “Se queremos ganhar títulos, precisamos de apoio e temos de ser uma boa equipa. Não é bom estarmos focados em coisas negativas, pois quem tem um espírito negativo, quase sempre faz mais ruído. Faz parte do futebol e da sociedade, mas isso não me afeta.”