OMS: Recorde de pessoas precisam de ajuda na Síria
Num conflito que muitas vezes fica esquecido, mais de 80% da população está sem ajuda humanitária, alerta a Organização Mundial de Saúde.
Quase 17 milhões de sírios, mais de 80% da população, precisam de ajuda humanitária e 15 milhões necessitam de assistência médica, os números mais elevados desde o início do conflito, há 13 anos, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Atualmente, há mais sírios a necessitar de ajuda do que em qualquer outro momento desde o início da guerra”, afirmou Hanan Balkhy, diretora regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, citada ontem em comunicado. A responsável descreveu que “uma geração inteira nasceu no meio da guerra, só conhece a insegurança e a privação e enfrenta choques sucessivos” e pediu “todos os esforços para proteger e reforçar o Sistema de Saúde sírio, para que todas as pessoas do país tenham acesso a serviços de saúde económicos e acessíveis”.
O terramoto que afetou a Turquia e a Síria em fevereiro de 2023, matando mais de 59 mil pessoas, acrescentou mais uma camada de sofrimento às pessoas devastadas por anos de guerra, relata a agência das Nações Unidas.
A instabilidade agravou-se, em especial nas regiões nordeste e noroeste, desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre o movimento islamita palestiniano Hamas e Israel, em outubro passado. De acordo com a OMS, 65% dos hospitais e 62% dos centros de Cuidados de Saúde Primários em toda a Síria estão totalmente operacionais.
A organização descreve que 90% da população vive na pobreza, devido ao agravamento da crise económica, enquanto o impacto na saúde mental “é enorme”.
A OMS estima em quase 80 milhões de dólares (73,4 milhões de euros) as necessidades de financiamento para continuar a prestar serviços no país “e evitar o agravamento de uma situação calamitosa”. O financiamento das atividades humanitárias no domínio da saúde diminuiu mais de 27% entre 2022 e 2023 e este ano deverá ser novamente reduzido em pelo menos 30%.