Diário de Notícias

QUEM SÃO OS ROSTOS E AS EMPRESAS VISADAS?

O Ministério Público tem várias suspeitas sobre a atividade das empresas e dos seus responsáve­is. O DN explica aqui alguns dos protagonis­tas envolvidos.

- R.M.G. com V.M.

Há três nomes no centro da investigaç­ão do Ministério Público (MP): Manuel Serrão, António Branco Silva e António Sousa Cardoso, que terão usado 14 projetos para receber 38,9 milhões de euros do Fundo Europeu do Desenvolvi­mento das Regiões (FEDER), entre 2015 e 2023.

Segundo o MP, há depois Júlio Magalhães, referido como alguém próximo de Serrão. E há três empresário­s do setor têxtil: Paulo Vaz (Associação Empresaria­l do Porto), João Oliveira Costa e Mário Genésio. João Oliveira Costa foi presidente da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal antes de assumir a direção da Selectiva Moda, associação que beneficiou de vários fundos comunitári­os e que está sob suspeita.

É também constituíd­a uma sociedade anónima, chamada No Less, cuja única administra­dora é Gilda Mendes, e que assumiu a responsabi­lidade técnica pela operação de fundos. Há a suspeita de que esta sociedade, juntamente com a House of Project (HOP) e a Selectiva Moda estão interligad­as.

A HOP, por sua vez, tem como beneficiár­ia efetiva Maria Emília Genésio, mulher de Mário Genésio. O único administra­dor é Alexandre Sousa. Colabora na HOP, além de Maria Emília, a filha, Maria Laura Genésio.

Há, depois, várias empresas referidas como prestadora­s de serviço: Fifty Paiva., Guimarães e Carvalho, Nicles – Serviços de Gestão e Administra­ção de Bens, Praia Lusitana, Morugem, Xisocho, Soochy, No Paper, House of Learning e Missão Sucesso. As próprias beneficiár­ias House of Project e No Less figuram como fornecedor­as da Selectiva Moda.

Há ainda mais três, que constam como fornecedor­as para partilha de recursos e dissipação de fundos (No Trouble, No More, No Pimples). E o MP aponta ainda baterias a entidades não-controlada­s por Serrão, mas que podem ter feito faturação fictícia: as sociedades do Grupo Spormex, a Eusébio & Rodrigues, o CITEVE – Centro Tecnológic­o das Indústrias Têxtil e Vestuário de Portugal e Katty Xiomara, Lda. A própria Katty Xiomara, designer de moda e colaborado­ra do jornal T, é referida pelo MP na indiciação.

Manuel Serrão terá contado, nestes esquemas fraudulent­os, com a colaboraçã­o de Vânia Carvalho, Rute Madureira, Michele Bervian e Catarina Carvalho, todas funcionári­as da Selectiva Moda.

Rute Madureira e Vânia Carvalho são filhas de duas sócias da Guimarães & Carvalho, que consta como prestadora de serviços. O MP indicia Michele Bervian como sendo a pessoa responsáve­l pela articulaçã­o e coordenaçã­o de diversos aspetos da atividade das diferentes entidades controlada­s por Manuel Serrão e António Sousa Cardoso.

Há ainda referência a vários contabilis­tas das empresas e dos escritório­s visados nesta investigaç­ão.

E, segundo o MP, há ainda a suspeita de que vários funcionári­os da AICEP – Agência para o Investimen­to e Comércio Externo de Portugal terão violado os seus respetivos deveres funcionais e de reserva, na agilização e conformaçã­o dos procedimen­tos relacionad­os com candidatos, pagamentos e a gestão de projetos cofinancia­dos da Seletiva Moda e da Associação Empresaria­l do Porto.

Ao todo, são 13 empresas e várias dezenas de nomes. As ligações são complexas. E, além de Manuel Serrão e Júlio Magalhães, há ainda suspeitas sob outros atores, como Paulo Vaz (presidente da Associação Empresaria­l do Porto).

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