Diário de Notícias

Três em cada quatro famílias enfrentara­m dificuldad­es financeira­s em 2023

Crise habitacion­al foi um dos principais impulsiona­dores do aperto dos agregados, anulando o alívio da inflação, revela barómetro da Deco Proteste.

- TEXTO MARIANA COELHO DIAS

Três em cada quatro famílias portuguesa­s (75%) sentiram dificuldad­es para pagar as suas contas ao longo do ano passado, nomeadamen­te em áreas tão críticas como a alimentaçã­o, educação, habitação, lazer, mobilidade e saúde, de acordo com o barómetro anual da Deco Proteste, divulgado ontem.

O levantamen­to, que abrangeu quase sete mil agregados em território nacional, revela ainda que, em 2023, 7% dos inquiridos se encontrava­m numa situação financeira limite. A crise habitacion­al surge como um dos principais impulsiona­dores deste aperto financeiro, anulando qualquer alívio proporcion­ado pela diminuição da inflação.

Neste sentido, o aumento das taxas de juro foi apontado como uma das razões pelas quais quase 28% das famílias lutaram para cumprir com os seus empréstimo­s bancários. Também o custo das rendas terá contribuíd­o significat­ivamente para tais dificuldad­es, com 23% dos inquilinos a enfrentar desafios para arcar com os pagamentos.

Apesar de algumas áreas como a mobilidade, saúde e alimentaçã­o terem apresentad­o melhorias em relação ao ano anterior, a inflação continuou a impactar negativame­nte a vida dos portuguese­s: cerca de um terço das famílias (31%) relataram sentir “muito mais” dificuldad­es em pagar despesas essenciais, enquanto 4% descrevera­m a situação como uma

“missão impossível”. Apenas uma minoria (6%) afirmou não ter sentido o efeito do aumento dos preços.

Em concreto, entre as dez despesas que sofreram maior aumento de preços encontram-se a renda da casa (+11% face a 2022), restaurant­es (+7%), empréstimo­s (+6%), férias grandes (+6%), livros e streaming (+4%), educação superior (+4%), eventos culturais (+4%), atividades desportiva­s (+4%), saúde (+4%) e vegetais e fruta (+4%).

O barómetro da Deco Proteste detalha que as famílias monoparent­ais, as numerosas e aquelas em que pelo menos um membro está desemprega­do são as mais afetadas –estima-se, aliás, que cerca de 75 mil famílias monoparent­ais em Portugal enfrentem uma situação de pobreza extrema.

Já por região, o Alentejo e o Centro foram os locais onde se vive com mais dificuldad­e, sendo Castelo Branco o distrito mais pressionad­o e Bragança onde as famílias desfrutam de um maior desafogo.

Perante os resultados do inquérito, a associação projeta um cenário pouco otimista para os próximos meses de 2024, prevendo um aumento das dificuldad­es financeira­s no atual contexto de inflação e incerteza sobre a evolução das taxas de juros do crédito à habitação.

Os dados para o estudo foram recolhidos entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, existindo 6734 respostas válidas.

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Para um terço das famílias, foi difícil pagar despesas essenciais.

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