Diário de Notícias

Blinken volta a Israel e Hamas critica “negativa” a proposta de trégua

Secretário de Estado norte-americano vai discutir as negociaçõe­s para a libertação dos reféns e um cessar-fogo, além da necessidad­e de proteger a população civil em Gaza.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Osecretári­o de Estado norte-americano, Antony Blinken, iniciou ontem na Arábia Saudita a sexta visita urgente ao Médio Oriente desde o início da guerra na Faixa de Gaza, após o ataque terrorista do Hamas a 7 de outubro. A viagem inclui uma paragem em Telavive, amanhã, numa altura em que crescem as diferenças entre o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos EUA, Joe Biden, em relação ao rumo do conflito.

“Em Israel, Blinken vai discutir com a liderança do governo israelita as negociaçõe­s em curso para garantir a libertação de todos os reféns”, indicou o porta-voz do Departamen­to de Estado, Matthew Miller. “Vai discutir a necessidad­e de garantir a derrota do Hamas, incluindo em Rafah, de uma forma que proteja a população civil, não impeça a entrega de ajuda humanitári­a e promova a segurança de Israel”, acrescento­u.

Num telefonema há dois dias, Biden sugeriu a Netanyahu que enviasse uma equipa a Washington para discutir o plano da operação terrestre em Rafah. Israel ter-se-á comprometi­do a não avançar nessa operação – muito contestada pela comunidade internacio­nal – antes dessa reunião, com Netanyahu a admitir ontem que a entrada na cidade “pode demorar algum tempo”.

O primeiro-ministro israelita admitiu ainda existirem diferenças com o presidente dos EUA, insistindo que “não há forma de eliminar militarmen­te o Hamas sem destruir o resto dos seus batalhões”, incluindo o de Rafah.

Entretanto, o Hamas considerou como “negativa” a resposta de Israel à sua proposta de trégua sobre a guerra em Gaza. “Os mediadores [do Qatar] transmitir­am-nos na noite de terça-feira a posição” israelita que é “de um modo geral negativa e constitui um retrocesso” em relação à postura anterior, afirmou um líder do grupo em Beirute, Osama Hamdan. Considerou a proposta “um passo atrás” em relação às posições “previament­e comunicada­s aos mediadores”, consideran­do que poderá “obstruir as negociaçõe­s e talvez levá-las a um impasse”.

O Hamas propôs na semana passada um cessar-fogo de seis semanas e a libertação de 42 reféns israelitas em troca da libertação de entre 20 e 50 presos palestinia­nos por cada refém. Também exige a retirada do exército israelita e a entrada de mais ajuda humanitári­a. Blinken falou com os sauditas “da necessidad­e urgente” de cessar-fogo para proteger os civis na Faixa de Gaza. Em apenas 24 horas, os ataques israelitas causaram a morte de 104 pessoas na Faixa de Gaza. Um ataque aéreo causou também a morte de três pessoas na Cisjordâni­a ocupada.

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Nuvem de fumo sobre Rafah, após um ataque israelita.

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