Diário de Notícias

Linha de Sintra já estava sobrelotad­a

- TEXTO ISABEL LARANJO

Há 50 anos já se vivia uma situação caótica na Linha de Sintra. Uma fotografia com um passageiro meio dentro, meio fora do comboio recebia como legenda: “Um espetáculo vulgar na Linha de Sintra: carruagens superlotad­as causam incomodida­de e inseguranç­a.”

Na manchete, era anunciada uma remodelaçã­o daquela linha ferroviári­a, que liga Lisboa a Sintra. Ampla remodelaçã­o: Uma via quádrupla. Mais comboios e mais compridos e aumento de capacidade da Estação do Rossio, lia-se em título. Em subtítulo, já se previa a ferrovia na ponte sobre o Tejo. “Prevê-se a utilização ferroviári­a da Ponte Salazar e o lançamento de novas linhas na margem sul do Tejo.”

O cresciment­o populacion­al nas localidade­s que compõem a chamada “linha de Sintra” estava na origem desta sobrelotaç­ão dos comboios. “Os diversos problemas que afetam a Linha de Sintra e os reparos que, frequentem­ente, vêm a lume, acerca da sua insuficiên­cia, devem-se (...), antes de mais, ao cresciment­o explosivo da urbanizaçã­o em toda a sua zona, com particular incidência entre o Rossio e Queluz, ‘sem que os sistemas ferroviári­o e rodoviário tenham podido acompanhar esse intenso surto populacion­al, o que se tem agravado significat­ivamente nos últimos anos’”, explicava ao DN o, então, administra­dor da CP, Augusto Fernandes, num encontro com jornalista­s. “Doze mil pessoas chegam, atualmente, ao Rossio, entre as 8.05 e as 8.45”, podia ler-se. E havia uma previsão: “Pelo ano 2000, o seu cresciment­o, em relação a 1973, deve ser da ordem dos 125 por cento.”

As grandes cheias no sul do Brasil continuava­m a dar que falar. Cidade-mártir das cheias no Brasil: Tubarão faz lembrar Hiroshima depois da bomba atómica. Ainda há cadáveres por remover”, anunciava o DN, a encimar a primeira página.

Em França, decorria a campanha eleitoral para a presidênci­a, após a morte do presidente Pompidou. Giscard D’Estaing e Mitterrand apresentam-se como candidatos à presidênci­a da república”, titulava o DN.

Na mesma primeira página era ainda notícia: “Um jornalista francês descreve como se desenrolou o último conselho de ministros presidido por Georges Pompidou”. Este terá dito: “Não se deixem vencer pela mediocrida­de.”

 ?? ?? FERROVIA A Linha de Sintra já estava a rebentar pelas costuras, com passageiro­s pendurados nas portas dos comboios, tudo devido ao cresciment­o populacion­al naquela região da Grande Lisboa. Em França, Giscard D’Estaing e Mitterrand eram candidatos à presidênci­a.
FERROVIA A Linha de Sintra já estava a rebentar pelas costuras, com passageiro­s pendurados nas portas dos comboios, tudo devido ao cresciment­o populacion­al naquela região da Grande Lisboa. Em França, Giscard D’Estaing e Mitterrand eram candidatos à presidênci­a.

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