Linha de Sintra já estava sobrelotada
Há 50 anos já se vivia uma situação caótica na Linha de Sintra. Uma fotografia com um passageiro meio dentro, meio fora do comboio recebia como legenda: “Um espetáculo vulgar na Linha de Sintra: carruagens superlotadas causam incomodidade e insegurança.”
Na manchete, era anunciada uma remodelação daquela linha ferroviária, que liga Lisboa a Sintra. Ampla remodelação: Uma via quádrupla. Mais comboios e mais compridos e aumento de capacidade da Estação do Rossio, lia-se em título. Em subtítulo, já se previa a ferrovia na ponte sobre o Tejo. “Prevê-se a utilização ferroviária da Ponte Salazar e o lançamento de novas linhas na margem sul do Tejo.”
O crescimento populacional nas localidades que compõem a chamada “linha de Sintra” estava na origem desta sobrelotação dos comboios. “Os diversos problemas que afetam a Linha de Sintra e os reparos que, frequentemente, vêm a lume, acerca da sua insuficiência, devem-se (...), antes de mais, ao crescimento explosivo da urbanização em toda a sua zona, com particular incidência entre o Rossio e Queluz, ‘sem que os sistemas ferroviário e rodoviário tenham podido acompanhar esse intenso surto populacional, o que se tem agravado significativamente nos últimos anos’”, explicava ao DN o, então, administrador da CP, Augusto Fernandes, num encontro com jornalistas. “Doze mil pessoas chegam, atualmente, ao Rossio, entre as 8.05 e as 8.45”, podia ler-se. E havia uma previsão: “Pelo ano 2000, o seu crescimento, em relação a 1973, deve ser da ordem dos 125 por cento.”
As grandes cheias no sul do Brasil continuavam a dar que falar. Cidade-mártir das cheias no Brasil: Tubarão faz lembrar Hiroshima depois da bomba atómica. Ainda há cadáveres por remover”, anunciava o DN, a encimar a primeira página.
Em França, decorria a campanha eleitoral para a presidência, após a morte do presidente Pompidou. Giscard D’Estaing e Mitterrand apresentam-se como candidatos à presidência da república”, titulava o DN.
Na mesma primeira página era ainda notícia: “Um jornalista francês descreve como se desenrolou o último conselho de ministros presidido por Georges Pompidou”. Este terá dito: “Não se deixem vencer pela mediocridade.”