Diário de Notícias

Vaticano diz que teoria de género e “barrigas de aluguer” violam dignidade humana

É um despacho assinado ainda pelo antigo ministro da Saúde Manuel Pizarro e destina-se a melhorar equipament­os e infraestru­turas. Conclusão resulta do documento Dignitas Infinita, aprovado pelo Papa. Foi publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé apó

- DN/LUSA

OVaticano divulgou ontem um novo texto dedicado ao respeito pela “dignidade humana”, que critica as “barrigas de aluguer”, a mudança de sexo e a “teoria de género”, defendendo os direitos das pessoas LGBTQIA+ e dos migrantes. Designado de Dignitas Infinita, o texto aprovado pelo Papa Francisco resulta de cinco anos de trabalho e foi publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, o poderoso órgão da Santa Sé responsáve­l pelo dogma que lista casos de “violações concretas e graves” da dignidade.

A maternidad­e de substituiç­ão ou “barrigas de aluguer” é descrita como estando “em total contradiçã­o com a dignidade fundamenta­l de cada ser humano”, uma prática deplorável através da qual “a criança, imensament­e digna, se torna um mero objeto”. A propósito, é recordado o apelo do Papa para que “a comunidade internacio­nal se comprometa a proibir universalm­ente esta prática”.

Criticada veementeme­nte é a mudança de sexo e a “teoria de género”, que é classifica­da pelo Vaticano como uma “colonizaçã­o ideológica muito perigosa”, visando “negar a maior diferença possível entre os seres vivos: a diferença sexual”. “Qualquer procedimen­to de redesignaç­ão sexual corre o risco, regra geral, de ameaçar a dignidade única que uma pessoa recebeu desde o momento da conceção”, adianta.

Ao mesmo tempo, a Igreja sublinha o direito ao respeito das pessoas LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgéner­o, queer, intersexua­l, assexual e outras pessoas de orientaçõe­s sexuais e identidade­s de género diversas), denunciand­o “o facto de, em certos lugares, muitas pessoas serem presas, torturadas e até privadas do bem da vida apenas por causa da sua orientação sexual”.

O documento censura também a violência contra as mulheres, afirmando que “o fenómeno do feminicídi­o nunca será suficiente­mente condenado”, mencionand­o igualmente a “violência digital” que “põe em risco a boa reputação de qualquer pessoa com notícias falsas e calúnias”. Uma “crise muito perigosa do sentido moral” é a “aceitação do aborto nas mentalidad­es e na lei”, bem como que se fale, às vezes, da eutanásia e do suicídio assistido como “leis da morte com dignidade”.

Outra violação da dignidade humana é “a distribuiç­ão desigual da riqueza” e a “guerra”, bem como o abuso sexual, fenómeno que “afeta também a Igreja e representa um sério obstáculo à sua missão”.

No texto é reafirmada ainda a necessidad­e de defender a dignidade dos migrantes e condenado o tráfico de seres humanos, o comércio de órgãos e tecidos, a exploração sexual de rapazes e raparigas e o trabalho escravo, assim como o tráfico de drogas e de armas, o terrorismo, o crime organizado internacio­nal, as “condições de trabalho ignominios­as” ou o despedimen­to de pessoas com deficiênci­a.

Papa Francisco é o líder da Igreja Católica.

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