Adeptos do Sp. Braga acusados pelo MP
O Ministério Público acusou 11 adeptos do Sporting de Braga de arremesso de pedras, garrafas e artefactos pirotécnicos na direção de um “grupo rival” de adeptos do Vitória Sport Clube a 6 de janeiro. Em nota ontem publicada na sua página, a Procuradoria-Geral Regional do Porto refere que os objetos arremessados atingiram um motociclo policial e dois agentes principais da PSP. Acrescenta que, como medidas de coação, um juiz de Instrução Criminal de Guimarães, por despacho de 2 de abril, proibiu os arguidos de entrarem em recintos desportivos e obrigou-os a apresentação no órgão de polícia criminal da sua área de residência, no dia e hora em que decorra um jogo, nacional ou internacional, que envolva o Sp. de Braga. Os factos remontam a 6 de janeiro de 2024 e ocorreram nas imediações do Estado Municipal de Braga.
Enquanto escrevo este texto, oiço na TV o ex-primeiro-ministro, ex-presidente do PSD e Dom Sebastião de uma parte da direita portuguesa Pedro Passos Coelho a apresentar uma coletânea de textos titulada Identidade e Família. Antes da apresentação, Passos manifestou-se contra a caricaturização de ideias e pessoas: “Impressiona-me que o espaço público esteja dominado por caricaturas. Mas há hiper-simplificações que são feitas com o objetivo de agredir.”
É de uma particular ironia que o ex-PM tenha assim iniciado o seu discurso sobre um livro que, a crer no que sobre ele escreveu no Expresso David Dinis, se afirma “contra a destruição da família tradicional” e “contra o modelo de um pensamento único” (o que quer destruir a “família tradicional”, supõe-se). Dificilmente se encontrará uma caricatura mais acabada que essa: a de que existe uma “família tradicional” que deve ser preservada, e que há quem a queira destruir, através de “um pensamento único”.
E que “pensamento único” será esse? Quem o pensa? Onde se encontra? Com pena, não ouvi Passos explicar. Mas supõe-se que não seja o do economista João César das Neves, que no livro que ex-PM apresentou com tanto orgulho escreve esta pérola de ecumenismo: “A convicção [de que “ao longo dos séculos a mulher foi sucessivamente oprimida e desprezada”] é estranha por duas razões. A primeira é que as mulheres sempre foram a maioria da população, o que torna insólito que sejam dominadas pela minoria masculina. O segundo motivo é que essas senhoras, alegadamente tiranizadas, nunca se queixavam ou manifestavam o seu desagrado.”
Nada mau para uma obra que se proclama, noutro dos textos (continuo a citar o Expresso), contra “o subjectivismo e o fundamentalismo a-histórico”: então as mulheres nunca foram discriminadas? E nunca, “ao longo dos séculos”, “se queixaram” ou “manifestaram desagrado”? Que será que se passa por exemplo hoje mesmo em países como o Irão ou o Afeganistão, não é opressão horrífica das mulheres? E que vemos acontecer ali senão protestos de mulheres, arriscando inclusive a morte?
E não sucede essa opressão das mulheres exatamente por tais países serem governados por gente que dita de púlpito, escrituras na mão, o que é “natural” e “tradicional”? Perguntas difíceis: sabemos que não vamos obter resposta, até porque para César das Neves, e eventualmente todos os outros autores do livro, essa comparação não faz sentido: é que aqueles países são muçulmanos. E o economista, sabe-se, é católico (como a maioria, se não todos os autores do livro).
Um católico que, malgrado ter