Netanyahu: “Já há data” para a operação em Rafah
Nem Hamas, nem Israel parecem preparados para aceitar a proposta de cessar-fogo e troca de reféns que estará em cima da mesa. Proposta de trégua e troca de reféns foi apresentada ao Hamas e Qatar dizia-se otimista, mas grupo terrorista nega qualquer progr
As negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza que permita a libertação dos reféns ainda nas mãos do Hamas falharam antes e durante o Ramadão. Mas, agora que se aproxima o final do mês sagrado para os muçulmanos –o Eid al-Fitr começa amanhã –, um novo acordo estará em cima da mesa. Os EUA indicaram que uma proposta para uma trégua de cerca de seis semanas foi apresentada ao grupo terrorista palestiniano, com outro dos mediadores das negociações, o Egito, a dizer que havia progressos no Cairo e o Qatar a mostrar-se “cautelosamente otimista”. Mas o Hamas nega progressos e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, diz que “já há data” para a operação em Rafah.
“Não há mudança na posição da ocupação e, por isso, não há nada de novo nas negociações do Cairo. Ainda não há progresso”, disse um oficial do Hamas à Reuters. As declarações contradizem uma fonte egípcia ao canal de televisão estatal, que tinha dito que havia acordo entre as delegações presentes. Entre os mediadores encontra-se, desde domingo, o diretor da CIA, William Burns, após a pressão dos EUA sobre Israel para chegar a um acordo que leve a uma trégua e permita uma resposta humanitária à tragédia no enclave palestiniano.
A proposta de trégua inclui, alegadamente, um cessar-fogo de seis semanas, durante as quais seria possível trocar reféns israelitas – capturados no atentado terrorista de 7 de Outubro – por presos palestinianos que estão em Israel. O processo decorreria em três etapas e previa a libertação de 25 palestinianos por cada refém libertado, o regresso de 250 mil deslocados do sul da Faixa de Gaza a vários pontos do norte do enclave e a retirada das forças israelitas de algumas zonas, segundo as fontes citadas pela agência de notícias espanhola EFE.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, indicou que os negociadores estavam à espera de uma resposta do Hamas à proposta.
Seis meses depois do atentado terrorista contra Israel e consequente início dos bombardeamentos contra a Faixa de Gaza, as tropas israelitas retiraram de surpresa de Khan Yunis no domingo – os deslocados palestinianos que estão a voltar encontraram a cidade no sul do território em ruínas. Mas Israel deixou claro que esta retirada não significa que tenham desistido da operação em Rafah, junto à fronteira com o Egito, onde dizem que se escondem os últimos esquadrões do Hamas entre os mais de 1,2 milhões de deslocados.
O primeiro-ministro israelita, sob pressão interna e também internacional, insistiu ontem que vai enviar tropas para o último bastião do grupo terrorista palestiniano. “Vai acontecer. Já há data”, indicou ontem Netanyahu numa mensagem-vídeo, sem dar mais pormenores.
O Departamento de Estado norte-americano disse não ter sido informado de nenhuma data para a operação, lembrando que os EUA são contra uma invasão a larga escala de Rafah. As declarações de Netanyahu surgem depois de o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, ameaçar desfazer a coligação se o primeiro-ministro israelita decidir acabar a guerra sem um ataque a Rafah.