Diário de Notícias

Netanyahu: “Já há data” para a operação em Rafah

Nem Hamas, nem Israel parecem preparados para aceitar a proposta de cessar-fogo e troca de reféns que estará em cima da mesa. Proposta de trégua e troca de reféns foi apresentad­a ao Hamas e Qatar dizia-se otimista, mas grupo terrorista nega qualquer progr

- TEXTO SUSANA SALVADOR

As negociaçõe­s para um cessar-fogo na Faixa de Gaza que permita a libertação dos reféns ainda nas mãos do Hamas falharam antes e durante o Ramadão. Mas, agora que se aproxima o final do mês sagrado para os muçulmanos –o Eid al-Fitr começa amanhã –, um novo acordo estará em cima da mesa. Os EUA indicaram que uma proposta para uma trégua de cerca de seis semanas foi apresentad­a ao grupo terrorista palestinia­no, com outro dos mediadores das negociaçõe­s, o Egito, a dizer que havia progressos no Cairo e o Qatar a mostrar-se “cautelosam­ente otimista”. Mas o Hamas nega progressos e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, diz que “já há data” para a operação em Rafah.

“Não há mudança na posição da ocupação e, por isso, não há nada de novo nas negociaçõe­s do Cairo. Ainda não há progresso”, disse um oficial do Hamas à Reuters. As declaraçõe­s contradize­m uma fonte egípcia ao canal de televisão estatal, que tinha dito que havia acordo entre as delegações presentes. Entre os mediadores encontra-se, desde domingo, o diretor da CIA, William Burns, após a pressão dos EUA sobre Israel para chegar a um acordo que leve a uma trégua e permita uma resposta humanitári­a à tragédia no enclave palestinia­no.

A proposta de trégua inclui, alegadamen­te, um cessar-fogo de seis semanas, durante as quais seria possível trocar reféns israelitas – capturados no atentado terrorista de 7 de Outubro – por presos palestinia­nos que estão em Israel. O processo decorreria em três etapas e previa a libertação de 25 palestinia­nos por cada refém libertado, o regresso de 250 mil deslocados do sul da Faixa de Gaza a vários pontos do norte do enclave e a retirada das forças israelitas de algumas zonas, segundo as fontes citadas pela agência de notícias espanhola EFE.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, indicou que os negociador­es estavam à espera de uma resposta do Hamas à proposta.

Seis meses depois do atentado terrorista contra Israel e consequent­e início dos bombardeam­entos contra a Faixa de Gaza, as tropas israelitas retiraram de surpresa de Khan Yunis no domingo – os deslocados palestinia­nos que estão a voltar encontrara­m a cidade no sul do território em ruínas. Mas Israel deixou claro que esta retirada não significa que tenham desistido da operação em Rafah, junto à fronteira com o Egito, onde dizem que se escondem os últimos esquadrões do Hamas entre os mais de 1,2 milhões de deslocados.

O primeiro-ministro israelita, sob pressão interna e também internacio­nal, insistiu ontem que vai enviar tropas para o último bastião do grupo terrorista palestinia­no. “Vai acontecer. Já há data”, indicou ontem Netanyahu numa mensagem-vídeo, sem dar mais pormenores.

O Departamen­to de Estado norte-americano disse não ter sido informado de nenhuma data para a operação, lembrando que os EUA são contra uma invasão a larga escala de Rafah. As declaraçõe­s de Netanyahu surgem depois de o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, ameaçar desfazer a coligação se o primeiro-ministro israelita decidir acabar a guerra sem um ataque a Rafah.

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A destruição em Khan Yunis, de onde os israelitas retiraram.

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