Páscoa sob vigilância militar em Jerusalém
Oclima era de insegurança no Médio Oriente. No dia anterior a esta Sexta-Feira Santa, de há 50 anos, 21 pessoas tinham perdido a vida durante um ataque de um grupo de árabes a um edifício israelita, na fronteira junto ao Líbano. Ainda assim, a Páscoa era celebrada na cidade de Jerusalém. Sob proteção de soldados: Milhares de peregrinos percorreram a Via-Sacra na cidade velha de Jerusalém, titulava o DN.
“As medidas de segurança como é habitual durante a Semana Santa são muito severas, especialmente depois do ataque de guerrilheiros árabes registado ontem, do qual resultou a morte de 18 pessoas [civis]”, podia ler-se. “Soldados israelitas armados com metralhadoras patrulham a cidade entre os milhares de peregrinos, tentando impedir um ataque-surpresa.”
Ainda na mesma notícia, era atualizado o estado de saúde do Papa e dada conta das cerimónias da Páscoa, no Vaticano. “Paulo VI, ainda ligeiramente enfraquecido por duas gripes consecutivas, chefiou hoje mais de 600 milhões de Católicos de todo o Mundo nas cerimónias religiosas da Sexta-Feira Santa”.
Mesmo presente nas cerimónias, Paulo VI resguardava-se, devido à sua saúde debilitada. “O Pontífice, de 76 anos, seguindo o conselho do seu médico, cancelou a sua participação num serviço litúrgico na Basílica de S. Pedro”. Contudo, o Papa quis manter alguma atividade: “(...) Informadores do Vaticano declararam que o Papa se recusou firmemente a deixar de participar na Procissão da Cruz no Coliseu de Roma (...). O Papa transportará uma cruz de dois metros ao longo de um percurso de 55 metros”.
Em França, François Mitterrand expunha os seus pontos de vista, durante a campanha eleitoral para a presidência do país. “Mitterrand admite que a França deixe a NATO se ele for eleito presidente: o leader da esquerda teria convencido os comunistas a moderarem a sua política externa.”
Os Estados Unidos davam apoio militar a Israel. “Mísseis americanos capazes de destruírem armas antiaéreas dirigidas pelo radar estão a ser enviadas para Israel”. Nisto, o presidente egípcio Sadat revelava, em relação à Guerra de Outubro (ocorrida no ano anterior), que “Moscovo fez várias tentativas para obter o cessar-fogo.”