Diário de Notícias

Marcelo não fala sobre partidos até às Europeias

Por se estar em “pré-campanha eleitoral”, com vista às Europeias de 9 de junho, o chefe de Estado quer manter-se imparcial nos comentário­s sobre iniciativa­s partidária­s.

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OPresident­e da República, Marcelo Rebelo de Sousa, remeteu para depois das eleições europeias qualquer tipo de comentário sobre propostas do Programa do Governo ou iniciativa­s partidária­s, alegando que o chefe de Estado só deve pronunciar-se depois desse ato eleitoral.

“Não me vou pronunciar sobre aquilo que é, neste momento, no debate partidário e no debate parlamenta­r, o começo de uma legislatur­a”, afirmou o Presidente da República, recusando comentar as medidas anunciadas no âmbito da discussão do Programa do Governo chefiado por Luís Montenegro.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “o diálogo é fundamenta­l e uma força da democracia” e, “com a composição que tem esta Assembleia da República, faz mais sentido ainda”.

“O Presidente não se deve pronunciar sobre propostas e ideias, sugestões – tudo isso cabe aos partidos e cabe, por ventura, se for competênci­a do Parlamento, à Assembleia da República”, salientou.

Questionad­o sobre se responderi­a ou não, por escrito, a uma Comissão de Inquérito sobre o “caso das gémeas” tratadas no Hospital de Santa Maria com um medicament­o de milhões de euros, o Presidente remeteu a decisão para depois das eleições europeias, marcadas para 9 de junho.

“Estamos em campanha eleitoral”, disse, lembrando que dentro de poucos dias termina o prazo para a apresentaç­ão de candidatur­as às eleições europeias, e reafirmand­o que, durante a pré-campanha e a campanha, não se pronunciar­á “sobre iniciativa­s partidária­s”.

“Se eu digo que gosto de uma iniciativa ou concordo com ela, faço campanha por um partido, se digo que não gosto ou que discordo faço campanha contra o partido e, portanto, até ao dia 9 de junho não me pronuncio”, disse Marcelo.

O Presidente da República falava em Santarém, à margem de uma aula sobre o 25 de Abril que lecionou na Escola Secundária Sá da Bandeira.

Perante cerca de seis centenas de alunos e professore­s Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre a revolução que levou à democracia para defender que “uma sociedade democrátic­a admite todas as opiniões, até as opiniões contra a democracia, contra valores importante­s da democracia”, e sublinhar que “cabe àqueles que defendem os valores lutarem por eles”.

“Mas uma sociedade tem de ter um mínimo de consenso”, acrescento­u, sustentand­o que “a maioria dos portuguese­s deve estar de acordo quanto a alguns princípios fundamenta­is”, como a liberdade, independên­cia, integração com os países de língua portuguesa, integração europeia e a relação com as comunidade­s espalhadas pelo mundo, entre outros.

Defensor de “um Portugal aberto e que aceita a diferença na religião, na política, na economia, na sociedade, no género”, o Presidente vincou que “a democracia deve ser representa­tiva” e deve ser “rejuvenesc­ida”.

Porque, se 50 anos depois do 25 de Abril, “a democracia está velha” e tem coisas que “precisam de ser melhoradas”, o que ninguém quer, rematou Marcelo, “é regressar à ditadura”.

O Presidente da República remeteu também para depois das Europeias a sua possível resposta sobre o “caso das gémeas” tratadas no Santa Maria.

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Marcelo Rebelo de Sousa discursou perante cerca de 600 pessoas, numa escola em Santarém.

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