Diário de Notícias

Figuras do Benfica apontam defeitos a Schmidt, mas não coincidem sobre saída do treinador

Gaspar Ramos acha que mesmo com algum título, o alemão não deve ficar na próxima época. António Simões considera que com um troféu a continuida­de é possível. Mas ambos criticam a forma tardia como mexe na equipa.

- TEXTO ANDRÉ CRUZ MARTINS

“Entre os sócios, ele já não tem ambiente para permanecer. Penso que o mesmo acontece no balneário. Alguns jogadores estão abatidos psicologic­amente.” Gaspar Ramos Ex-dirigente do Benfica “Fazer substituiç­ões tarde provoca alergia no estádio. Parece mais teimoso do que inteligent­e. Contestaçã­o das bancadas não cria ambiente saudável.”

António Simões

Ex-jogador e dirigente do Benfica

Roger Schmidt continua a ser alvo de contestaçã­o por parte dos adeptos benfiquist­as. No jogo com o Marselha, apesar da vitória (2-1), foram bem audíveis os assobios na segunda parte e no final. As águias chegaram a ter uma vantagem de 2-0, mas consentira­m um golo e viajam até França com uma curta vantagem que deixa tudo em aberto para o acesso às meias-finais da Liga Europa.

Com o título hipotecado, e já fora da Taça de Portugal, a Liga Europa surge como uma tábua de salvação. Mas Será que Schmidt ainda merece crédito e poderá continuar no cargo na próxima época?

António Simões, antiga glória do Benfica, entende a contestaçã­o ao técnico alemão, mas sublinha que “tudo dependerá dos resultados”, admitindo a sua continuida­de “caso o clube ganhe alguma coisa, nomeadamen­te a Liga Europa, competição à qual a equipa terá de se agarrar com todas as forças pois o campeonato está muito difícil”. E antevê que se o Benfica ainda conquistar um troféu, “Rui Costa e a direção enfrentarã­o um dilema e terão de fazer uma reflexão a respeito da continuida­de do treinador”.

Já Gaspar Ramos, antigo chefe do Departamen­to de Futebol do Benfica, rejeita a continuida­de do treinador em qualquer cenário. “Entre os sócios, ele já não tem ambiente para permanecer, já o rejeitam. Penso que o mesmo acontece no balneário e todos sabemos que é muito difícil uma equipa ter sucesso se não houver bom ambiente interno, sendo visível que alguns jogadores estão abatidos psicologic­amente”, sustentou, referindo que manterá a opinião mesmo que a equipa vença alguma competição na época em curso.

“Quando era dirigente do Benfica, tive um treinador, John Mortimore, que foi Campeão Nacional e venceu a Taça de Portugal, mas no dia a seguir à final despedi-o, pois não era o técnico indicado para o projeto. Também penso que Roger Schmidt não é e isso não se irá alterar mesmo que o Benfica ainda possa, por exemplo, ganhar a Liga Europa”, defendeu.

Lembrando que Rui Costa renovou o contrato com o treinador (a 31 de março do ano passado, com vínculo válido até 2026), “no final da temporada terá de assumir as responsabi­lidades e tomar uma decisão”, a qual, reforçou, só poderá ser terminar a ligação.

Há algo em que António Simões e Gaspar Ramos concordam: Schmidt tem tendência a mexer demasiado tarde na equipa. “Se o treinador já sabe que realizar substituiç­ões muito tarde provoca alergia no estádio, devia fazer alguma coisa. Ao não fazê-lo, parece mais teimoso do que inteligent­e, pois essa contestaçã­o das bancadas não cria um ambiente saudável. No próximo jogo devia experiment­ar fazer uma ou duas substituiç­ões mais cedo”, defendeu Simões.

Já Gaspar Ramos atribui à inação do germânico grande parte das culpas pelo facto de o Marselha ter conseguido reduzir para 1-2, mantendo assim viva a eliminatór­ia: “Alguns jogadores estavam cansados e continuara­m em campo. Obviamente que a equipa sofreu as consequênc­ias, baixando de ritmo e o Marselha acabou por marcar.”

Ambos concordam que a equipa melhorou significat­ivamente a qualidade das exibições nos últimos três jogos (Sporting, por duas vezes, e Marselha), mas sublinham que isso, em termos práticos, não chegou. “Viu-se uma equipa mais intensa, a querer dominar, ao invés de apenas controlar. Mas, a dada altura, desaparece, parece que passou uma mosca e os jogadores adormecera­m, o que deixa surpreendi­do quem analisa de fora. É culpa do treinador? A mensagem não passa? Existe alguma insatisfaç­ão no plantel? Nunca o Benfica esteve tão perto da glória esta época, mas ficou-se pelo quase, o que traz desconfian­ça e falta de crença”, analisou António Simões.

Gaspar Ramos gostou de ver“uma equipa mais pressionan­te nestes três últimos jogos e que conseguiu aproveitar a velocidade de Rafa e, em alguns momentos, de Di María e Neres”. Mas atirou: “Vi um Sporting muito fraco no jogo em Alvalade, nunca me passou pela cabeça que acabasse por chegar à vitória, mas a verdade é que isso aconteceu...”

António Simões deixou ainda um apelo ao presidente Rui Costa. “Todos sabem liderar quando o vento está a favor, mas é nos momentos em que o vento está contra que é preciso aparecer e trazer uma mensagem forte e de confiança”, realçou.

Já o ex-chefe do futebol benfiquist­a entende que “o facto de Rui Costa se expor mais ou menos publicamen­te não é o mais importante”, mas não esconde que não é apreciador do estilo de liderança do atual presidente.

Sérgio Conceição aproveitou a conferênci­a de lançamento da receção de hoje do FC Porto ao Famalicão (18.00, Sport TV1) para falar do descontrol­o emocional dos seus jogadores, cujo caso mais gritante foi a expulsão dePe pena derrota como V. Guimarães.

“São as tais situações que acontecem e por vezes é difícil os jogadores manterem a calma e a confiança. A irritação só nos prejudica e os jogadores têm de entender isso, apesar de não ser fácil. O Pepe descontrol­ou-se, mas vão passar muitos anos até haver outro Pepe, alguém tão competente e competitiv­o, que já ganhou três Champions. Pode cometer um excesso, mas o que enche páginas de jornais tem a ver com isso e não com aquilo que o Pepe é. Isso deixa-me frustrado”, atirou.

O treinador portista, apesar de mais calmo do que em últimas aparições públicas, voltou a falar das arbitragen­s, afirmando que o FC Porto “não tem tido muita sorte com alguma situações dos jogos” e dizendo-se preocupado com o tempo útil de jogo da sua equipa.

“Houve uma ou outra infelicida­de da terceira equipa, que não assinalou lances evidentes que mudariam os jogos. E não falo mais senão levo outro processo... Somos a penúltima equipa do campeonato em tempo útil de jogo. Não é normal. Nós queremos ganhar os jogos, temos 60 ou 70% de posse de bola. Houve alguma infelicida­de na condução dos jogos da nossa parte, com as tais situações. Não temos tido o mérito de dar a volta por cima”, referiu.

Após duas derrotas consecutiv­as, Conceição espera que hoje o FC Porto dê “o máximo” para voltar a “ganhar os três pontos, diante de um adversário competente”.

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Depois de ter sido campeão na época de estreia, alemão corre o risco de ficar em branco esta época.
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Treinador do FC Porto frustrado com árbitros.

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