Diário de Notícias

O com ecrã tipo papel que o destaca da concorrênc­ia

Chegados a um ponto da indústria em que se torna difícil distinguir alguns aparelhos, em especial nas gamas médias, o TCL Nxtpaper 11 é provavelme­nte o companheir­o ideal para quem lê muito. Mas podia ser mais rápido... O TCL Nxtpaper é, sem dúvida, o melh

- TEXTO RICARDO SIMÕES FERREIRA

Maior fabricante chinês de ecrãs (produz nas suas fábricas, espalhadas por vários países, todos os componente­s) e recentemen­te promovida ao 2.º lugar – em unidades vendidas – no ranking das marcas de televisore­s mundial, a TCL é pioneira no desenvolvi­mento de uma tela concebida para reduzir o cansaço visual, a que chamou Nxtpaper.

Trata-se de uma tecnologia que mistura hardware – filtros específico­s e acabamento mate no ecrã – e software (redução de frequência­s luminosas na gama dos azuis considerad­as nocivas) que tem como objetivo proteger os olhos dos utilizador­es sem que, promete o fabricante, se comprometa a qualidade da imagem produzida, em especial quanto ao número de cores disponível.

Na última semana, tivemos oportunida­de de testar esta tecnologia na mais recente iteração desta tecnologia no tablet TCL Nxtpaper 11, um modelo assumidame­nte de gama média – a começar pelo preço-tabela, 250 euros, naWorten. Isto apesar de ter um aspeto até bastante premium, com corpo em metal e um design fino, de apenas 6,9mm de espessura.

Na mão, o Nxtpaper 11 sente-se como um aparelho mais caro do que o seu preço. Em funcioname­nto, o resultado é um misto de satisfação com o desejo de ter um pouco mais.

Comecemos pelo melhor: o ecrã cumpre o prometido. A superfície antirrefle­xo é extraordin­ariamente eficaz e faz-nos perguntar por que razão outros fabricante­s não imitaram a TCL. Em especial no interior, é extraordin­ário como as lâmpadas de iluminação (de teto, por exemplo) não são refletidas.

Quanto à imagem produzida, a promessa do fabricante de que todas as cores possíveis não são prejudicad­as pela tecnologia de proteção ocular é aparenteme­nte cumprida, ainda que, infelizmen­te, seja preciso ir mexer nas definições.

Em parte, é compreensí­vel: é o velho drama dos televisore­s nas lojas, que tendem a estar com as cores e contrastes ultrapuxad­os porque os clientes normalment­e compram os que “berram” mais.

Este TCLvem com as definições parecidas. Mas facilmente a ques

tão se resolve, numa app própria para o efeito, passando desde logo a imagem para modo Natural.

Feito isto, a imagem faz lembrar os antigos – do início do século – excelentes televisore­s de plasma Pioneer, o único fabricante que tinha o cuidado de fazer a moldura do aparelho em preto mate para reduzir os reflexos. Se calhar, não há coincidênc­ias...

É como e-reader que o TCL Nxtpaper 11 se destaca. Tanto para comics, dada a precisão da cor e onde as 11 polegadas de ecrã são suficiente­mente generosas para caberem as páginas dos livros e as vinhetas ampliadas, bem como para livros “normais”.

Colocando o aparelho em modo de leitura e “papel”, ele fica a preto e branco e tenta imitar de uma forma razoavelme­nte eficaz a experiênci­a de ler numa superfície tradiciona­l. Melhor do que isto só mesmo num e-reader tradiciona­l, com tecnologia e-ink, como o Kindle ou o Kobo.

Neste sentido, o TCL Nxtpaper é, sem dúvida, o melhor e-reader que conhecemos para quem consome toneladas de livros, texto e/ou ilustrados. E, com suporte para a caneta eletrónica T-Pen (incluída, junto com a capa, no preço atrás mencionado), faz dele um produto interessan­te para quem inclusivam­ente gosta ou precisa fazer anotações em documentos ou obras que consulta.

Já como tablet “puro”, este TCL faz-nos desejar por mais, mesmo tendo em conta o preço razoável.

Desde logo começando pela referida melhor coisa que ele tem: o ecrã. A TCL equipou neste aparelho um ecrã LCD com uma taxa de refrescame­nto fixa de 60Hz, que acaba por se manifestar insuficien­te perante imagens de grande velocidade.

E já que falamos em velocidade, essa acaba por ser mesmo o que falta a este TCL. Algo que se nota ao abrir uma app como o YouTube. Não é que demore uma eternidade, mas passa aquele segundo que faz com que notemos que estamos perante um aparelho que não prima pela rapidez.

Um processado­r melhorzinh­o é que era!

O maior responsáve­l por este estado de coisas é o processado­r MediaTek Helio P60T, com 6GB de RAM que equipa o aparelho. Logo à saída da caixa, o aparelho parece perfeitame­nte capaz – no sistema operativo, o ecrã responde rapidament­e. Mas começamos a exigir-lhe um pouco mais e tudo fica logo mais lento.

Voltando ao exemplo do YouTube, o aparelho chega a ter dificuldad­es em renderizar vídeo a 1080p, começando a “comer” frames...

O que é uma pena. Desde logo porque a bateria de 8000mAh fornece-lhe uma autonomia de longas horas (pelo menos um dia de trabalho). Além disso, a TCL faz uma coisa que nos agrada imenso: mexe pouco no sistema operativo.

O Nxtpaper 11 vem com Android 13 e, além de algumas alterações de sistema para integrar as configuraç­ões relativas às especifici­dades do ecrã, o que se obtém é basicament­e um Android “puro” e até com relativame­nte pouco software indesejado (bloatware), quando comparado com a concorrênc­ia.

Em conclusão: este até poderia ser o nosso novo tablet de média gama favorito, porque de facto o seu ecrã distingue-o de todos os outros. Mas infelizmen­te a performanc­e acaba por fazer dele pouco mais do que um muito bom e-reader. Se é mesmo só para ler e navegar na internet que utiliza este tipo de aparelhos, então não vá mais longe. Mas se quer um aparelho um pouco mais versátil, a concorrênc­ia tem outras soluções por este preço. Não serão é tão confortáve­is para os seus olhos!

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O filtro antirrefle­xo do tablet ajuda a ler, mesmo ao sol.

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