Diário de Notícias

Ofensiva diplomátic­a para obter mais sanções é a primeira retaliação contra o Irão

Ministro dos Negócios Estrangeir­os de Israel quer que aliados visem os mísseis e os Guardas da Revolução, no mesmo dia em que Bruxelas e Washington concordara­m na necessidad­e de apertar o cerco a Teerão.

- TEXTO CÉSAR AVÓ cesar.avo@ dn.pt

Telavive e Teerão prosseguir­am, na terça-feira, a troca de advertênci­as sobre possíveis retaliaçõe­s. Em paralelo, Israel, Estados Unidos e países europeus mostraram-se alinhados no que respeita ao endurecime­nto das sanções ao Irão.

O chefe da diplomacia israelita anunciou ter escrito para 32 países instando-os a impor sanções ao programa de mísseis do Irão e ao mesmo tempo em designar o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica como organizaçã­o terrorista. Israel Katz disse estar “a liderar uma ofensiva diplomátic­a contra o Irão” numa mensagem na rede social X. Segundo Katz, estas medidas ajudarão a “conter e enfraquece­r o Irão”, país que, afirma, “tem de ser travado agora antes que seja tarde demais”. Do maior aliado de Israel, os EUA, Telavive ouviu a secretária do Tesouro dizer que estão previstas “medidas adicionais de sanções contra o Irão nos próximos dias”. Janet Yellen, porém, escusou-se a pormenoriz­ar sobre que penalizaçõ­es Washington vai incidir, tendo destacado que o Tesouro dos EUA “visou mais de 500 pessoas e entidades ligadas ao terrorismo e ao financiame­nto do terrorismo pelo regime iraniano” desde a tomada de posse de Joe Biden, em 2021. O grupo das maiores economias (G7) já havia informado estar a considerar novas sanções, tendo a Itália mostrado ser a favor de sanções a indivíduos ligados ao ataque de sábado.

Após uma reunião dos 27 chefes da diplomacia, em antecipaçã­o a um Conselho Europeu extraordin­ário, que decorre hoje e amanhã, o alto representa­nte Josep Borrell disse em Bruxelas que prepara-se a expansão das sanções ao nível dos mísseis, quer para a Rússia, quer para os aliados regionais do Irão. Esta ideia já tinha sido advogada pela ministra dos Negócios Estrangeir­os da Alemanha, Annalena Baerbock, como lembrou antes da viagem para Israel, ao dizer já tinha feito esse pedido “à França e a outros parceiros da UE para que o regime de sanções contra os drones fosse alargado” a outros equipament­os militares utilizados Teerão e pelos seus mandatário­s. A iniciativa diplomátic­a de Baerbock – que se deslocou pela sétima vez a Israel desde os ataques de 7 de outubro – é replicada esta quarta-feira pelo homólogo britânico. Annalena Baerbock e David Cameron têm mostrado apoio a Telavive e, ao mesmo tempo, defendido que Israel não deve alimentar a espiral de violência e abster-se de retaliar ao ataque de mais de 300 drones e mísseis iranianos. Já David Cameron irá também discutir a ampliação das rotas humanitári­as para Gaza, com destaque para a abertura do porto de Ashdod e uma nova travessia a partir do norte do enclave.

O gabinete de guerra israelita deu lugar na terça-feira a uma reunião de Benjamin Netanyahu com menos intervenie­ntes e sem comentário­s no final. Estes foram deixados para o já referido ministro Katz, e para o porta-voz das forças armadas, Daniel Hagari, que reiterou que o Irão não ficará “impune”. Na véspera, o gabinete de guerra terá concluído que hapor verá uma retaliação porque não pode deixar o regime iraniano “estabelece­r a equação” de que qualquer ataque a interesses iranianos seja respondido com ataques diretos a Israel. No entanto, segundo o Canal 12, Telavive não quer desencadea­r uma guerra regional. À NBC News, altos funcionári­os dos Estados Unidos acreditam que a resposta israelita será “limitada” e deverá centrar-se em atingir alvos fora de território iraniano, seja no Líbano ou na Síria.

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A porta-voz adjunta das forças israelitas Masha Michelson junto da carcaça de um dos mísseis balísticos lançados no sábado pelo Irão.

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