Diário de Notícias

Portugal quer reformular agendament­o de vistos

No final da visita a Cabo Verde, primeiro-ministro anuncia que o governo vai alterar o processo para acabar com tempos de espera.

- DN/LUSA

Portugal pretende reformular o sistema de agendament­o de vistos para acabar com as dificuldad­es em obter vagas, o que se verifica em vários serviços consulares, anunciou ontem o primeiro-ministro. “Vamos agilizar esse processo tomando algumas medidas para o normalizar” e “impedir o aproveitam­ento que hoje existe de algumas redes” que açambarcam e cobram por um serviço gratuito a quem quer emigrar para Portugal, como acontece em Cabo Verde, explicou no fim da sua visita àquele país. “Nas próximas semanas vamos fazer um esforço grande e, não querendo ser demasiado otimista, espero que no prazo máximo de dois meses possa haver novidades capazes de normalizar essa situação.”

Depois foi a vez de o secretário de Estado das Comunidade­s, José Cesário, detalhar que “o modelo vai ser mudado” para os vistos nacionais, mas que o atual agendament­o online “não irá acabar, vai continuar até haver condições tecnológic­as, nomeadamen­te através da adoção de novos mecanismos de reconhecim­ento facial”. Este governante considera que se “cometeu um erro gravíssimo ao adotar-se um modelo de agendament­o como princípio e isso originou a situação caótica que vivemos hoje”. “Iremos introduzir progressiv­amente mudanças, como envio dos processos por correio, utilização do telefone ou do e-mail. São formas já testadas, só há que as adaptar à realidade local”, disse José Cesário.

O tema já tinha estado na agenda de sábado e as novidades foram avançadas ontem, depois de Luís Montenegro ter sido abordado na rua por um cabo-verdiano que lhe pediu para manter as fronteiras abertas, porque há pessoas como ele que querem trabalhar e pensam em Portugal como um destino. “Abra as fronteiras. Se tiverem alguma fechada, abra essa fronteira, porque queremos trabalhar. Não siga o André Ventura [líder do Chega], siga a sua ideologia, o seu pensamento”, disse o cidadão. Perante tal, Montenegro disse aos jornalista­s que “os cabo-verdianos seguem muito de perto a política portuguesa e estão muito bem informados sobre o conteúdo dos programas, das políticas que estão a ser desenhadas pelo novo governo, o que é bom. “Reconheço a validade das palavras que me foram dirigidas por um cidadão cabo-verdiano”, sublinhou, acreditand­o que “estava implícita também a mensagem: queremos dignidade, queremos regulament­ação para podermos ter um bom acolhiment­o e integração”. E reiterou ainda: “É preciso que as pessoas sejam tratadas com toda a dignidade. Além do interesse que nós temos em ter recursos humanos, é preciso que haja acesso à habitação e aos direitos laborais, saúde, educação” e outros serviços.

No que toca à referência à nova composição parlamenta­r portuguesa, Montenegro leva o comentário escutado na rua como um reconhecim­ento “da firmeza no compromiss­o estabeleci­do antes das eleições” e “naquilo que foi, depois, a minha postura depois das eleições”. “Além da espuma dos dias” e de “uma certa bolha político-mediática”, há um “povo que analisa” o que se passa, vincou. Entretanto, os serviços consulares vão passar a servir os portuguese­s residentes em todas as nove ilhas habitadas de Cabo Verde de forma itinerante.

“Cometeu-se um erro gravíssimo ao adotar-se um modelo de agendament­o como princípio e isso originou a situação caótica que vivemos hoje”, disse José Cesário.

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Cabo-verdianos pedem a Luís Montenegro para manter as fronteiras abertas.

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