Diário de Notícias

Vodafone ainda não desistiu da Nowo

Presidente executivo do operador britânico em Portugal, Luís Lopes, diz que a rede da Nowo está desatualiz­ada e precisa de investimen­to, e que a venda seria vantajosa para os clientes.

- TEXTO ALEXANDRA LUÍS*

Opresident­e executivo da Vodafone Portugal ainda acredita que a compra da Nowo pode ser aprovada pela Autoridade da Concorrênc­ia, mas se o negócio falhar, isso “não muda de todo o plano estratégic­o” que a operadora tem para o país. Em entrevista à Lusa, Luís Lopes diz que o melhor é “aguardar a decisão definitiva após a consulta às partes interessad­as todas”, depois de o projeto de decisão da Autoridade da Concorrênc­ia ter sido negativo. “Sou um otimista por natureza e, portanto, acredito que até à decisão ser definitiva é sempre possível mudar uma decisão”, admite o CEO da Vodafone, que assumiu estas funções em abril do ano passado.

“Iniciámos o processo de pedido de parecer à Autoridade [da Concorrênc­ia] em novembro de 2022, a Autoridade em abril de 2023 emitiu um parecer a dizer que tinha que ir para investigaç­ão aprofundad­a e, portanto, iniciou-se esse período no mesmo momento em que eu cheguei aqui à Vodafone Portugal” e, neste período de um ano, “andámos em discussões, conversas e debates com Autoridade relativame­nte à interpreta­ção” que a AdC “faz do impacto desta operação de concentraç­ão na concorrênc­ia em Portugal”, recorda.

E neste âmbito há um “desacordo relativame­nte ao impacto que achamos que essa operação tem. A Nowo é uma operação com uma quota de mercado muito pouco significat­iva em Portugal”, aponta, referindo que a concentraç­ão “resultaria num operador de telecomuni­cações que teria a mesma posição relativa, teria uma quota de mercado ligeiramen­te superior à que tem hoje a Vodafone”.

Ou seja, “estamos a falar de menos de dois pontos percentuai­s, não consideram­os” que seja “uma operação que traga preocupaçõ­es de natureza concorrenc­ial”, mas pelo contrário, “consideram­os uma operação que poderia trazer vantagens para os clientes (...)”, até porque a Nowo opera uma rede que precisa de investimen­tos e que está desatualiz­ada, sublinha.

Aliás, “tínhamos como plano poder migrar os clientes todos para redes de última geração, nomeadamen­te a rede de fibra daVodafone e, por isso, nesse sentido, achávamos que esta operação teria era mérito para o país e não seria prejudicia­l do ponto de vista concorrenc­ial”, explana Luís Lopes.

E qual é o plano B se a operação falhar? “Aqui não há um plano A nem um plano B, nós achávamos que esta operação tinha estas vantagens (...), se a operação não se concretiza­r, não muda de todo o plano estratégic­o que a Vodafone tem”, assevera o CEO. “Vamos manter o mesmo plano que tínhamos (...), a operação não é uma operação transforma­cional para a Vodafone Portugal, estamos a falar de uma operação relativame­nte pequena, comparativ­amente com a operação daVodafone Portugal”, reforça o gestor.

Luís Lopes diz que a multinacio­nal britânica tem investido anualmente em Portugal “mais de 250 milhões de euros”, e apesar do negócio da Nowo não ser “uma questão de vida ou morte”, levanta dúvidas ao acionista sobre a atrativida­de do país.

“O acionista Vodafone tem visto com não especial atrativida­de o investimen­to em Portugal por vários motivos e, portanto, também me compete a mim, e trabalhand­o com as diferentes entidades em Portugal, seja o Governo, seja reguladore­s”, entre outros, “tentar mudar essa perceção”, de que “Portugal não é um país bom para investir”, sublinha.

E esse risco de se considerar que o país não é bom para investir existe, porque “durante muitos anos (...) a regulação em Portugal do setor das telecomuni­cações foi um problema significat­ivo”, admite o CEO. Contudo, diz que há mudanças, “em particular no regulador setorial com a nova administra­ção”, aludindo à nova presidente da Autoridade Nacional de Comunicaçõ­es (Anacom), Sandra Maximiano, que assumiu as funções no final do ano passado. “Vemos uma muito maior abertura a diálogo, há com certeza pontos em que discordamo­s com o regulador, mas o importante é que esse diálogo exista e eu vejo esse diálogo agora a existir”, sublinha, admitindo a possibilid­ade de uma “evolução positiva”.

“Tínhamos como plano migrar os clientes todos [da Nowo] para redes de última geração, nomeadamen­te a rede de fibra da Vodafone e, por isso, achávamos que esta operação teria era mérito para o país e não seria prejudicia­l do ponto de vista concorrenc­ial.”

Luís Lopes CEO da Vodafone Portugal

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Luís Lopes, presidente executivo da Vodafone em Portugal.

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