Vodafone ainda não desistiu da Nowo
Presidente executivo do operador britânico em Portugal, Luís Lopes, diz que a rede da Nowo está desatualizada e precisa de investimento, e que a venda seria vantajosa para os clientes.
Opresidente executivo da Vodafone Portugal ainda acredita que a compra da Nowo pode ser aprovada pela Autoridade da Concorrência, mas se o negócio falhar, isso “não muda de todo o plano estratégico” que a operadora tem para o país. Em entrevista à Lusa, Luís Lopes diz que o melhor é “aguardar a decisão definitiva após a consulta às partes interessadas todas”, depois de o projeto de decisão da Autoridade da Concorrência ter sido negativo. “Sou um otimista por natureza e, portanto, acredito que até à decisão ser definitiva é sempre possível mudar uma decisão”, admite o CEO da Vodafone, que assumiu estas funções em abril do ano passado.
“Iniciámos o processo de pedido de parecer à Autoridade [da Concorrência] em novembro de 2022, a Autoridade em abril de 2023 emitiu um parecer a dizer que tinha que ir para investigação aprofundada e, portanto, iniciou-se esse período no mesmo momento em que eu cheguei aqui à Vodafone Portugal” e, neste período de um ano, “andámos em discussões, conversas e debates com Autoridade relativamente à interpretação” que a AdC “faz do impacto desta operação de concentração na concorrência em Portugal”, recorda.
E neste âmbito há um “desacordo relativamente ao impacto que achamos que essa operação tem. A Nowo é uma operação com uma quota de mercado muito pouco significativa em Portugal”, aponta, referindo que a concentração “resultaria num operador de telecomunicações que teria a mesma posição relativa, teria uma quota de mercado ligeiramente superior à que tem hoje a Vodafone”.
Ou seja, “estamos a falar de menos de dois pontos percentuais, não consideramos” que seja “uma operação que traga preocupações de natureza concorrencial”, mas pelo contrário, “consideramos uma operação que poderia trazer vantagens para os clientes (...)”, até porque a Nowo opera uma rede que precisa de investimentos e que está desatualizada, sublinha.
Aliás, “tínhamos como plano poder migrar os clientes todos para redes de última geração, nomeadamente a rede de fibra daVodafone e, por isso, nesse sentido, achávamos que esta operação teria era mérito para o país e não seria prejudicial do ponto de vista concorrencial”, explana Luís Lopes.
E qual é o plano B se a operação falhar? “Aqui não há um plano A nem um plano B, nós achávamos que esta operação tinha estas vantagens (...), se a operação não se concretizar, não muda de todo o plano estratégico que a Vodafone tem”, assevera o CEO. “Vamos manter o mesmo plano que tínhamos (...), a operação não é uma operação transformacional para a Vodafone Portugal, estamos a falar de uma operação relativamente pequena, comparativamente com a operação daVodafone Portugal”, reforça o gestor.
Luís Lopes diz que a multinacional britânica tem investido anualmente em Portugal “mais de 250 milhões de euros”, e apesar do negócio da Nowo não ser “uma questão de vida ou morte”, levanta dúvidas ao acionista sobre a atratividade do país.
“O acionista Vodafone tem visto com não especial atratividade o investimento em Portugal por vários motivos e, portanto, também me compete a mim, e trabalhando com as diferentes entidades em Portugal, seja o Governo, seja reguladores”, entre outros, “tentar mudar essa perceção”, de que “Portugal não é um país bom para investir”, sublinha.
E esse risco de se considerar que o país não é bom para investir existe, porque “durante muitos anos (...) a regulação em Portugal do setor das telecomunicações foi um problema significativo”, admite o CEO. Contudo, diz que há mudanças, “em particular no regulador setorial com a nova administração”, aludindo à nova presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), Sandra Maximiano, que assumiu as funções no final do ano passado. “Vemos uma muito maior abertura a diálogo, há com certeza pontos em que discordamos com o regulador, mas o importante é que esse diálogo exista e eu vejo esse diálogo agora a existir”, sublinha, admitindo a possibilidade de uma “evolução positiva”.
“Tínhamos como plano migrar os clientes todos [da Nowo] para redes de última geração, nomeadamente a rede de fibra da Vodafone e, por isso, achávamos que esta operação teria era mérito para o país e não seria prejudicial do ponto de vista concorrencial.”
Luís Lopes CEO da Vodafone Portugal