Corrida contra o relógio para a ajuda chegar à linha da frente
Senado dos EUA vai aprovar pacote de ajuda a Kiev amanhã. Depois é altura para a logística tornar o apoio numa realidade. Senador disse que mísseis de longo alcance também seguirão.
Foram mais os republicanos que votaram no sábado contra do que a favor o pacote de 60,8 mil milhões de dólares de ajuda à Ucrânia, mas a unanimidade da bancada democrata salvou a legislação por fim agendada pelo presidente da Câmara dos Representantes Mike Johnson. O presidente ucraniano agradeceu aos legisladores de ambos os partidos norte-americanos e a Johnson que desta forma arrisca vir a ter o mesmo destino do que o seu antecessor – a destituição pela ala extremista republicana. Mas de pronto passou ao próximo passo: a urgência da aprovação na câmara alta da lei e acima de tudo a distribuição das armas e munições num momento em que a Rússia estará a forçar a tomada da estratégica vila de Chasiv Yar, na região de Donetsk.
“Exorto o Senado a enviar rapidamente este pacote para a minha secretária para que eu possa assiná-lo como lei e possamos enviar rapidamente armas e equipamentos para a Ucrânia para atender às suas necessidades urgentes no campo de batalha”, disse o presidente Joe Biden na sequência da votação. O Senado deve aprovar a legislação amanhã. Em entrevista à NBC News, Volodymyr Zelensky alinhou pelo mesmo diapasão e instou o Senado a agir para que a assistência possa ser enviada para a Ucrânia o quanto antes, “para que se possa obter alguma assistência concreta para os soldados na linha da frente o mais rapidamente possível e não daqui a seis meses”.
O líder ucraniano tem repetidamente alertado para a carência de munições de artilharia e de sistemas de defesa aérea, enquanto as forças invasoras continuam a bombardear cidades e infraestruturas e avançam a leste. Aliás, Zelensky disse que as suas forças estão a preparar-se para uma batalha em Chasiv Yar, localidade de grande importância estratégica, e que a Rússia pretende capturar até 9 de maio, o feriado em que Moscovo assinala a vitória da União Soviética sobre as forças nazis na Segunda Guerra Mundial.
Além da urgência para que a ajuda chegue ao seu país, o presidente ucraniano também fez referência à necessidade de receber artilharia de longo alcance para que exista “uma hipótese de vitória”. Também à NBC, o senador Mark Warner, que preside à comissão de Serviços de Informações da câmara alta, espera que os EUA possam enviar carregamentos com armamento até ao final da semana e que incluam o míssil balístico tático ATACMS de longo alcance, ou seja, a versão de até 300 quilómetros.
Ouvido pela agência Associated Press, um responsável militar norte-americano disse que os EUA poderão enviar determinadas munições “quase imediatamente” para a Ucrânia a partir de armazéns na Europa. Todavia, o Instituto para o Estudo da Guerra alerta ser “provável que as forças ucranianas continuem a confrontar-se com a escassez de munições de artilharia e de dispositivos de interceção da defesa aérea nas próximas semanas”.
Mais um navio atingido
Apesar da escassez de munições, a Ucrânia disse ter atingido um navio – o mais antigo ao serviço da marinha russa, com mais de cem anos – pertencente à frota do Mar Negro. “Hoje, a marinha ucraniana atingiu o navio de salvamento russo Kommuna na Crimeia temporariamente ocupada”, afirmou o Ministério da Defesa da Ucrânia. O porta-voz da marinha ucraniana disse que os danos causados pelo ataque não eram claros, mas que o navio “já não era capaz de desempenhar as suas funções”. Segundo Dmytro Pletenchuk, “isto vai continuar a acontecer até que os russos fiquem sem navios ou abandonem a Crimeia”, afirmou. Segundo a contabilidade realizada pelo site Oryx antes deste ataque, a Ucrânia danificou ou destruiu 22 navios da frota russa do Mar Negro, e não foi incluído um ataque a Sebastopol, há um mês, no qual Kiev diz ter atingido dois navios de desembarque russos e um ucraniano que havia sido apresado com a anexação da Crimeia.
O ataque, segundo imagens das redes sociais, terá ocorrido no porto de Sebastopol. O governador do regime russo disse que os militares tinham “repelido um ataque de um míssil antinavio” contra um navio no porto.
“Essa ajuda fortalecerá a Ucrânia e enviará ao Kremlin um poderoso sinal de que não será o segundo Afeganistão. Os Estados Unidos continuarão com a Ucrânia, protegerão os ucranianos e protegerão a democracia no mundo.”
Volodymyr Zelensky Presidente da Ucrânia