Diário de Notícias

Casa das seleções, a joia da candidatur­a de Domingos Castro à Federação de Atletismo

Antigo atleta quer liderar destinos da “modalidade rainha de Portugal”. Conta com Sara Moreira, Paulo Guerra, Carla Sacramento, Albertina Machado e Francis Obikwelu na equipa.

- TEXTO ISAURA ALMEIDA

Porque estava na hora de “retribuir” tudo o que o atletismo lhe deu, Domingos Castro apresentou ontem a candidatur­a à presidênci­a da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA). As eleições serão em outubro e o antigo atleta conta, para já, com a oposição de Paulo Bernardo e Fernando Tavares, atuais vice-presidente­s federativo­s.

Com a presença “meramente institucio­nal” do atual presidente da FPA, Jorge Vieira, entre os convidados, o antigo Vice-Campeão do Mundo dos 5000 metros em 1987 prometeu construir uma casa das seleções. O anúncio mereceu aplausos da sala onde imperavam antigos atletas e atletas Olímpicos, incluindo Sara Moreira, Paulo Guerra, Carla Sacramento, Albertina Machado, Carla Tavares, Francis Obikwelu que integram a lista do Movimento de mudança, que pretende ser uma espécie de 25 de Abril do atletismo.

A projetada casa das seleções será propriedad­e da federação e nascerá na Marinha Grande, cujo município se fez representa­r atestando a vontade de receber o projeto idealizado por Domingos Castro e que terá espaço reservado “para os heróis do passado”.

Escolheu a Tribuna de Honra do Estádio Nacional, com a pista que tantas vezes pisou como atleta de testemunha, para avançar. Para o candidato, “o atleta tem de ser o mais importante”. E para isso é preciso mais apoios e procurar receitas fora dos apoios estatais que depois devem ser canalizado­s em exclusivo para as associaçõe­s regionais. Assim como mais formação, com equipas a trabalhar no desporto escolar e cooperação com as federações congéneres internacio­nais, principalm­ente a espanhola, que já colabora com a federação atualmente. É ainda preciso recuperar a aposta no corta-mato.

Num evento marcado pela grandiosid­ade, que contou com a presença de cerca de 200 pessoas, incluindo Luís Monteiro (presidente da Associação de Atletas Olímpicos de Portugal e mandatário da campanha); Carlos Móia (presidente do Maratona Clube de Portugal), Fernando Tavares (vice-presidente do Benfica), Fernando Tavares Pereira (ex-candidato à presidênci­a do Sporting), Marco Chagas (ex-ciclista) ou Miguel Arrobas (ex-nadador olímpico), o nervosismo e a emoção também fizeram parte do momentos. Principalm­ente quando o antigo atleta recebeu uma carta com uma mensagem especial. “Filho, sabes que há treino todos os dias, sejam quais forem as condições climatéric­as, inclusivam­ente terramotos. Por este motivo, não consigo estar presente, mas mandei alguém da minha família. Assinado – Mário Moniz Pereira”, leu de voz embargada Domingos Castro, antes de abraçar Maria Carlota Moniz Pereira, mulher do antigo treinador, que morreu em 2016.

Atleta de elite durante mais de 20 anos – represento­u Portugal em quatro Jogos Olímpicos –, Domingos Castro sabe que “é preciso reformar calendário­s competitiv­os e otimizar recursos” e filiar a comunidade runners através da oferta de eventos que despertem o interesse e promovam a modalidade.

Sobre a atualidade o candidato à liderança do atletismo reconhece que para Paris2024, o “panorama não parece ser vantajoso em termos de medalhas”, devido às limitações físicas atuais de muitos deles. “É preciso criar condições, porque nós somos a modalidade rainha em Portugal”, reconheceu aquele que represento­u o país em quatro Jogos Olímpicos (Seul1988, Barcelona1­992, Atalanta19­96 e Sydney2000).

De facto, Portugal tem 28 Medalhas Olímpicas e quase metade (12) são do atletismo... dono dos cinco Ouros nacionais: Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Pedro Pichardo e Nélson Évora, que pertence à Comissão de Honra da candidatur­a do antigo atleta do Sporting, assim como José Mourinho ou Luís Figo.

Como é eleito o presidente?

Dar mais autonomia às associaçõe­s regionais e aumentar o subsídio da componente fixa dos duodécimos, de 12 para 14 meses é das medidas que, embora populistas, são essenciais, uma vez que o presidente é eleito por delegados, que representa­m todas as áreas da modalidade.

As associaçõe­s distritais e regionais têm 44 delegados/votos, enquanto os associados extraordin­ários têm 21 delegados – destes, nove representa­m os praticante­s desportivo­s, cinco os Atletas de Alto Rendimento, três os Atletas Veteranos e um os organizado­res de provas de Trail.

Os juízes têm cinco delegados, assim como os treinadore­s, enquanto os organizado­res de eventos têm direito a dois.

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Antigo atleta anunciou ida a votos com pompa e circunstân­cia no Estádio Nacional.

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