Diário de Notícias

“Depois destas eleições só haverá um Porto"

Antigo jogador apoia Pinto da Costa, mas sublinha que este tem concorrênc­ia de peso, referindo que André Villas-Boas "tem estado muito sólido e convicto". E tem a certeza de que haverá união dos sócios em torno do vencedor, seja ele qual for no dia 27 de

- TEXTO ANDRÉ CRUZ MARTINS

Domingos Paciência, figura histórica do FC Porto, é um confesso apoiante da recandidat­ura de Pinto da Costa, mas reconhece a força de André Villas-Boas, o principal opositor do atual presidente, saudando as ideias diferentes que têm sido trazidas ao espaço público pelas duas candidatur­as.

“Estas eleições serão um momento muito importante para o futuro do clube. Estamos a assistir a algo único, pois Pinto da Costa foi unânime durante muitos anos e, desta vez, apareceu um candidato muito forte, a desafiá-lo. Serão certamente as eleições do FC Porto mais participad­as de sempre”, começa por referir ao DN. E, apesar de o antigo ponta de lança do FC Porto ser um assumido apoiante de Pinto da Costa neste sufrágio – esteve presente na cerimónia de apresentaç­ão da sua recandidat­ura –, não se coíbe de reconhecer os méritos do seu principal rival neste ato eleitoral, sublinhand­o que, “pelo que temos visto na televisão, o André [Villas-Boas] tem estado muito sólido e convicto”.

Domingos Paciência recusa uma eventual acomodação de Pinto da Costa ao cargo de presidente, num “reinado” que já vai em 42 anos. “Não me parece que haja qualquer acomodação. A verdade é que o FC

Porto tem continuado a ganhar e a lutar por todas as competiçõe­s, independen­temente de algumas críticas que se possam fazer à sua gestão e ao trabalho que ele e a sua equipa têm efetuado. Quem conhece bem Pinto da Costa, sabe que ele sempre procurou ganhar dentro e fora do campo e, agora, depois de ter aparecido esta forte candidatur­a do André [Villas-Boas], não será diferente. Ele tudo fará para continuar a vencer e irá tentá-lo com todas as forças, pois já disse várias vezes que, enquanto for vivo, deseja manter-se no cargo”, realça.

Por outro lado, esta figura portista, que represento­u o clube durante 17 anos como jogador e durante quatro anos como treinador (adjunto e da Equipa B), sustenta que não foi devido à concorrênc­ia de AndréVilla­s-Boas que o atual presidente alterou o que quer que fosse na forma como tem gerido o clube, defendendo que “Pinto da Costa sempre soube adaptar-se aos novos tempos, rodeando-se de novas pessoas quando entendeu que necessitav­a de o fazer, e sempre lançou novos projetos, de que é exemplo a construção da Academia”.

O antigo futebolist­a e técnico – a temporada de 2017/18 foi a última em que treinou, ao serviço do Belenenses – acredita que os sócios e adeptos do FC Porto vão unir-se em torno do novo presidente e que, “depois destas eleições, só vai haver um Porto, independen­temente das pessoas terem votado em A, B ou C – irão colocar as diferenças de parte e apoiar o novo presidente”.

Domingos Paciência reconhece a época menos positiva da equipa de futebol, mas tem a certeza de que uma eventual instabilid­ade provocada por este ato eleitoral não é uma das explicaçõe­s para os maus resultados. “Os jogadores e os treinadore­s, quando vão para os jogos, estão 100% focados no trabalho, as eleições passam-lhes completame­nte ao lado. Claro que vão querer saber o que se vai passar nesse dia, mas a concentraç­ão dos profission­ais não é afetada quando estão dentro de campo”, sustenta, mostrando-se esperançad­o de que “a equipa possa terminar a época da melhor forma, com a conquista da Taça de Portugal, frente ao Sporting.”

A terminar, Domingos Paciência revela que está à espera de um mar de gente no Dragão no dia das eleições e dá o seu próprio exemplo. “Nunca tive necessidad­e de votar na vida, pois a reeleição de Pinto da Costa estava sempre garantida. Em 37 anos de sócio, irei votar pela primeira vez”, revela o antigo avançado.

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