Diário de Notícias

PGR, PS e AD em silêncio. Proposta de Aguiar-Branco fratura Parlamento

Presidente da AR pede que Lucília Gago dê explicaçõe­s, aos deputados, sobre os processos que provocam “factos políticos”. Argumentos de José Pedro Aguiar-Branco serão discutidos na próxima semana na conferênci­a de líderes parlamenta­res.

- TEXTO ARTUR CASSIANO

No PS, por agora não se fazem comentário­s. No PSD e no CDS, silêncio. A IL deverá hoje pronunciar-se. A PGR, questionad­a pelo DN, mantém o silêncio. Só BE, PCP, Livre, PAN e Chega não têm dúvidas.

Aguiar-Branco, que na quinta-feira, no primeiro discurso que proferiu enquanto presidente do Parlamento numa Sessão Solene comemorati­va do 25 de Abril, foi aplaudido por todas as bancadas, ontem abriu uma fratura entre os deputados.

Em declaraçõe­s à Antena 1, no programa Geometria Variável, Aguiar-Branco sugeriu uma audição de Lucília Gago, na Assembleia da República – “o espaço de excelência para isso acontecer”–, para que desse explicaçõe­s sobre os processos que provocaram crises políticas. A vantagem? Evitar que se crie um clima de suspeição.

“Qualquer um de nós não quer acreditar que haja uma conduta premeditad­a [do MP] para, à esquerda ou à direita, provocar um determinad­o facto político por via de um investigaç­ão criminal, mas a verdade é que ninguém vive sozinho no mundo e é preciso ser explicado. Porque se for explicado e se a situação, ao ser explicada, tornar claro que a suspeição não existe, eu acho que estamos a contribuir para que esses dois mundos convivam de uma forma mais saudável para a democracia”, afirmou.

André Ventura diz-se estupefact­o com declaraçõe­s que são uma “clara violação da separação de poderes”, questionan­do a proposta de que, “quando os processos judiciais criam factos políticos, a senhora PGR deve vir ao Parlamento prestar esclarecim­entos”.

O líder do Chega garante que vai pedir explicaçõe­s a Aguiar-Branco, nomeadamen­te sobre “o que quis dizer com factos políticos, o que quis dizer com chamar ao Parlamento [a PGR] e serem prestados esclarecim­entos no Parlamento, e qual é a abrangênci­a desses esclarecim­entos”.

Fabian Figueiredo, líder parlamenta­r do BE, que elogiou Aguiar-Branco por se ter juntado a este apelo, não vai, para já, avançar com um requerimen­to para chamar Lucília Gago ao Parlamento. Espera, antes, que seja a própria a disponibil­izar-se a dar explicaçõe­s aos deputados.

Mas, se a PGR “continuar fechada sob as suas masmorras, continuar a ser evasiva, o BE procurará num campo mais alargado para garantir que a procurador­a venha à AR”, garantiu.

António Filipe, deputado do PCP, segue a mesma lógica, mas com uma diferença: não avançam com nenhum requerimen­to, mas também não vão inviabiliz­ar o que seja apresentad­o por outro partido. O melhor mesmo, sugeriu, era que Lucília Gago se disponibil­izasse a prestar esclarecim­entos. Deixou, porém, avisos: “A PGR não responde politicame­nte perante a AR (...) e não pode, nem deve, prestar esclarecim­entos sobre processos em concreto.”

Jorge Pinto, deputado do Livre, assegurou que o seu partido vai propor esta discussão em Conferênci­a de Líderes para que se perceba melhor a proposta de Aguiar-Branco

Inês Sousa Real, do PAN, diz que a eventual audição “não belisca a separação de poderes”, até por haver necessidad­e de explicaçõe­s.

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Aguiar-Branco diz que explicaçõe­s da PGR travariam a “suspeição”.

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