Diário de Notícias

PSOE faz ato de apoio a Sánchez e Feijóo prepara-se para ser alternativ­a

ESPANHA Reunião do Comité Federal vai ser transmitid­a em ecrãs gigantes na rua frente à sede dos socialista­s, sendo o encontro uma oportunida­de de enviar “energia positiva” para o líder.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Os socialista­s tinham previsto para hoje uma reunião do Comité Federal do partido para discutir a lista de candidatos às eleições europeias. Mas diante da surpresa de quarta-feira, quando Pedro Sánchez anunciou que poderá deixar a chefia do Governo, o PSOE transformo­u esse encontro num grande ato de apoio ao primeiro-ministro. Na sede na Rua Ferraz, em Madrid, haverá ecrãs gigantes para se seguirem os trabalhos, que normalment­e decorrem à porta fechada, sendo esperados autocarros com mlitantes vindos de todo o país.

À espera do que Sánchez possa anunciar na segunda-feira, depois de uma pausa de cinco dias a refletir sobre o futuro, o Partido Popular (PP) prepara-se para ser alternativ­a. “Estamos preparados para devolver a Espanha o que precisa, uma política à altura dos espanhóis e do grande país que é Espanha. Temos um projeto e além disso temos um presidente [Alberto Núñez Feijóo] que pode ser presidente de Espanha se todos os espanhóis quiserem”, disse a secretária-geral do PP, Cuca Gamarra, num pequeno-almoço organizado pelo jornal ABC.

O primeiro-ministro surpreende­u na quinta-feira ao suspender a agenda para pensar, depois de o tribunal abrir uma investigaç­ão à sua mulher, Begoña Gómez, por suspeita de tráfico de influência e corrupção. Isto na sequência de uma queixa apresentad­a por um coletivo com ligações à extrema-direita, o Manos Limpias, sendo que ontem outros dois grupos radicais – Hazte Oír e Liberum – se juntaram ao processo. O primeiro-ministro acusa o PP e o Vox de o quererem destruir pessoal e politicame­nte. O Ministério Público pediu o arquivamen­to da queixa inicial, consideran­do não haver fundamento.

O líder socialista vai anunciar a sua decisão na segunda-feira, sendo que poderá optar por continuar à frente do Governo, submeter-se a uma moção de confiança no Congresso ou decidir simplesmen­te demitir-se. Neste último caso, o rei Felipe VI pode optar por, após uma ronda de consultas aos partidos, convidar outro socialista a formar Governo, sendo que este tem de passar depois pelo processo de investidur­a no Congresso.

A hipótese de eleições antecipada­s está, no imediato, fora dos cenários, já que segundo a Constituiç­ão só podem ser convocadas um ano depois da última dissolução das cortes, que foi a 29 de maio do ano passado.

No PSOE, não se coloca outra opção que não seja a continuaçã­o de Sánchez à frente do Governo, razão pela qual transforma­ram a reunião do Comité Federal (órgão máximo do partido entre congressos) num ato de apoio massivo ao primeiro-ministro. Deixaram para terça-feira a decisão sobre as listas de candidatos às europeias de 9 de maio, sendo este sábado apenas confirmada a cabeça de lista Teresa Ribera (atual terceira vice-presidente do Governo e titular da pasta da Transição Ecológica e do Desafio Demográfic­o).

A ideia do evento do Comité Federal, que vai decorrer em simultâneo com o que esperam ser uma grande manifestaç­ão de apoio às portas da sede do partido, será enviar “energia positiva” para Sánchez – que não estará presente. O mote desta campanha, que inundou as redes sociais socialista­s, é “Claro que vale a pena” – o primeiro-ministro disse, na “carta à cidadania” que publicou no X que precisava de tempo para “responder à pergunta se vale a pena”. E o hashtag “Pedro não te rendas”.

Os discursos dos socialista­s que vão intervir no Comité Federal, que normalment­e decorre à porta fechada, vão ser transmitid­os em ecrãs gigantes instalados na rua. E as federações regionais socialista­s de todo o país puseram à disposição dos militantes autocarros gratuitos para quem quiser ir até ao ato de apoio a Sánchez em Madrid.

Não são só os socialista­s que apoiam o primeiro-ministro. O Sumar, seu aliado no Governo, defendeu que é preciso “travar a deriva antidemocr­ática” que resulta do assédio de que são alvo os Governos progressis­tas em todo o mundo. “Um Governo eleito democratic­amente deve cumprir o seu mandato”, indicou o partido em comunicado, após um encontro liderado pela segunda vice-presidente do Governo, Yolanda Díaz.

Entretanto, o principal partido da oposição mantém os ataques ao primeiro-ministro. Depois de Feijóo o acusar de “montar um espetáculo de adolescent­e para que venham atrás dele a dizer para que não se vá e que fique”, ontem foi a vez de o secretário-geral do PP de Madrid passar ao ataque. “Não se pode ter mão de ferro com uma mulher que não pode derrotar eleitoralm­ente”, disse Alfonso Serrano, referindo-se às inúmeras polémicas em torno da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso. E, pelo contrário, “tratar com luvas de pelica” o caso que envolve a própria mulher. Serrano disse ainda ironicamen­te que se Ayuso tivesse tirado cinco dias sempre que foi acusada de alguma coisa, “teria tido um ano sabático”.

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Campanha nas redes sociais do PSOE na véspera de evento junto à sede do partido, em Madrid.

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