Crianças, net e o risco da pornografia
A especialista em bem-estar digital Cristiane Miranda alertou que os pais devem estar mais atentos aos perigos que os jovens enfrentam na internet, relevando que há crianças com menos de 10 anos com acesso livre a conteúdos pornográficos. “Os pais, muitas vezes, não têm a noção das implicações que há pelo facto de as crianças terem um telemóvel no quarto”, disse, acrescentando: “Os jovens estão a ter acesso cada vez mais cedo e de uma forma muito livre, por exemplo, à pornografia e não propriamente só imagens.” Estes vídeos a que os jovens têm acesso livre cada vez mais cedo – “antes dos 10 anos de idade” –“está já a trazer uma implicação ao nível dos relacionamentos entre as pessoas”. A especialista avisa que os pais “pensam que, ao falar com o filho, vão abrir uma caixa de Pandora, mas talvez a caixa já esteja aberta e os pais não estejam conscientes.” da, no Porto), no âmbito da Semana do Bem-Estar Digital.
O debate sobre o uso dos telemóveis nas escolas contará com a presença de representantes da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), da Confederação Nacional das Associações de Pais e de Mónica Pereira, autora de uma petição que pede o fim dos telemóveis nos recreios do 5.º e do 6.º ano e que já foi assinada por mais de 22 mil pessoas.
Uma escola de Lourosa, em Santa Maria da Feira, foi a primeira do país a proibir o uso de telemóveis em todo o recinto, há sete anos. Desde então, a limitação já se estendeu a outras, como, por exemplo, a Escola Básica EB 2+3 General Serpa Pinto, em Cinfães, no Distrito de Viseu, as escolas básicas do Alto de Algés e de Miraflores, ambas em Oeiras, os agrupamentos de escolas Gil Vicente (Lisboa) e Infanta D. Mafalda (Gondomar), além de agrupamentos de escolas de Almeirim (Santarém).
A polémica levantada pelo tema levou o Ministério da Educação a pedir, no ano passado, um parecer ao Conselho de Escolas, que considerou que a solução para responder aos impactos negativos do uso dos telemóveis em contexto escolar não passa por proibir a sua utilização, mas defendeu que devem ser os próprios agrupamentos a decidir.
Apesar dos impactos negativos e das “questões complexas de disciplina, designadamente a captação indevida de imagens ou o cyberbullying” que se levantam com o uso generalizado dos telemóveis, sobretudo a partir do 2.º ciclo, os diretores sublinham que existem, por outro lado, aspetos positivos.
Em sala de aula, afirmam, os smartphones podem constituir “recursos ao dispor de alunos e professores para favorecer as aprendizagens” e permitem “potenciar o desenvolvimento de competências essenciais de acordo com o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória”.