Diário de Notícias

Ex-líderes em Belém há quatro mandatos seguidos

PRESIDENTE­S Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa foram eleitos e reeleitos, encerrando “maldição” social-democrata.

- L.R.

Demorou mais de 30 anos a concretiza­r-se a máxima “um Governo, uma maioria, um Presidente”, lançada pelo fundador do PSD, Sá Carneiro, na campanha para as presidenci­ais de 1980, quando a Aliança Democrátic­a (AD) falhou a aposta no general Soares Carneiro para travar a reeleição de Ramalho Eanes. Foi em 2011 que Cavaco Silva, já então a cumprir o segundo mandato, deu posse ao Executivo liderado por Passos Coelho, numa coincidênc­ia social-democrata entre Belém e São Bento que só agora se repetiu, com Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro.

Durante muito tempo, a Presidênci­a da República foi um verdadeiro calcanhar de Aquiles para os sociais-democratas, que haviam estado entre os apoiantes de Ramalho Eanes em 1976, mas logo se incompatib­ilizaram com o militar de Abril, e enveredara­m pela não-beligerânc­ia em 1991, facilitand­o a reeleição de Mário Soares para o segundo mandato, com um recorde de 70,35% dos votos. Após a derrota traumática nas presidenci­ais de 1980, ensombrado­s pela morte de Sá Carneiro, três dias antes, na queda de um avião, em Camarate, por causas nunca totalmente esclarecid­as, sucedera a derrota de 1986, quando o PSD apoiou Diogo Freitas do Amaral. O fundador do CDS foi o mais votado na primeira volta, mas acabou suplantado pelo líder histórico do PS Mário Soares, numa inédita e não mais repetida segunda volta.

Derrotado pelo socialista Jorge Sampaio em 1996, após uma década enquanto primeiro-ministro, Cavaco Silva voltou a candidatar-se à Presidênci­a da República em 2006. E dessa vez foi eleito, com 50,64% dos votos, aproveitan­do a divisão entre a candidatur­a independen­te de Manuel Alegre e a candidatur­a oficial socialista de Mário Soares.

Aquilo que parecera vedado ao PSD passou a ser uma constante: após dois mandatos de Cavaco Silva, que em 2011 atingiu 52,95%, novamente contra Manuel Alegre, que obteve menos 300 mil votos enquanto candidato oficial do PS do que cinco anos antes, o também ex-líder social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito em 2016, com 52%, e reeleito cinco anos depois, com 60,66%. Uma tendência que pode ser prosseguid­a em 2026, com Pedro Passos Coelho e Marques Mendes na linha de partida.

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