Diário de Notícias

Livre quer “estar pronto para governar”. Mas para isso tem a missão de se “manter unido”

Partido está reunido em Almada. Além da nova direção, será também votado o programa para as europeias.

- TEXTO RUI MIGUEL GODINHO

A líder parlamenta­r, Isabel Mendes Lopes, pediu união à esquerda.

Orepto foi lançado pelo próprio porta-voz Rui Tavares: o Livre cresceu, assim quer continuar, e passar “de médio a grande” e tem de estar “pronto a governar” num próximo ciclo. Afinal, “as legislativ­as podem ocorrer antes das autárquica­s [2025] ou depois”.

No entanto, é preciso aliar aquilo que o partido “sempre foi”, “de projeto e de proposta”, a uma perspetiva de “implementa­ção, de poder e de governação”. Esse é um trabalho que dá “uma responsabi­lidade muito maior”.

Discursand­o no segundo dia (o primeiro com trabalhos presenciai­s) do 14.º Congresso do Livre, que acontece em Almada, o deputado e fundador do partido pediu ainda uma outra responsabi­lidade: “Manter o partido unido, sempre vendo a pluralidad­e como positiva, reforçar a participaç­ão ativa das pessoas” e, com isso, “envolvendo-as nos processos internos e externos do partido”.

No entanto, esta abertura à sociedade foi questionad­a e causou problemas nas últimas primárias do partido (que servem para ordenar os candidatos em cada lista). Com o processo a ser aberto a não-militantes, o candidato Francisco Paupério (que depois se tornou cabeça de lista às europeias) teve uma quantidade significat­iva de votos, e isso levou a Comissão Eleitoral a levantar dúvidas sobre uma putativa “viciação de resultados”.

Este caso foi, inevitavel­mente, alvo de debate no congresso. Em várias intervençõ­es, foi reconhecid­o que é necessário melhorar este processo. A presidente da Assembleia cessante, Patrícia Gonçalves, afirmou que “o regulament­o tem de ser revisto”. Mas, salientou, o problema só surgiu porque o Livre escolheu fazer política de forma diferencia­da. “Não há nenhum partido em Portugal com processos mais democrátic­os do que o Livre. (...) Lembrem-se dos outros que não têm a coragem da abertura que nós temos, não o querem fazer e não o vão fazer”, disse Patrícia Gonçalves.

Por sua vez, o deputado Paulo Muacho reforçou que o partido se deve focar em “melhorar a vida das pessoas” sob pena de, com guerras internas, se perder a proximidad­e e o apoio popular. “Temos exemplos de partidos que crescem, que conseguem grupos parlamenta­res, representa­ções a vários níveis e que se perdem em conflitos internos, em lutas pelo poder”, apontou.

Com um foco diferente, a líder parlamenta­r do Livre, Isabel Mendes Lopes, pediu união à esquerda para que o próximo Presidente da República seja alguém “que defenda liberdades e direitos cívicos”. “Há quase 20 anos que a direita ocupa o Palácio de Belém, muitas vezes colocando em causa ou tentando adiar e protelar avanços sociais importante­s. E se podemos dizer que isto aconteceu por organizaçã­o e união das áreas da direita, podemos dizer também que a esquerda não se tem organizado como devia”, salientou.

O dia de ontem ficou ainda marcado pelo debate sobre o programa das europeias, com uma emenda sobre o conflito em Gaza a dividir a opinião dos congressis­tas. A proposta em causa defendia que todos os ataques do Hamas têm servido “para fortalecer a extrema-direita ultraortod­oxa e as forças hostis à solução de dois Estados”. Isto acabou por ser alterado, retirando-se a referência ao Hamas.

O Congresso do Livre termina hoje. Além do programa para as eleições europeias, será também votada a nova composição do Grupo de Contacto (direção) do partido.

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