Diário de Notícias

Adiada entrada de Ventura no Conselho de Estado

Votação estava marcada para hoje, mas ficou sem data. Pode haver três listas para cinco lugares, com o Chega a ter um garantido. André Ventura passará a ter assento no órgão consultivo do mesmo Presidente da República que o Chega pretende ver acusado por

- TEXTO LEONARDO RALHA

Oadiamento da eleição dos cinco representa­ntes da Assembleia da República no Conselho de Estado, que esteve prevista para o plenário desta manhã, por pedido dos grupos parlamenta­res do PSD e do PS, não vai alterar em nada a distribuiç­ão de lugares que o peso relativo de PSD, PS e Chega determina, levando a que Marcelo Rebelo de Sousa tenha no órgão consultivo da Presidênci­a da República duas personalid­ades que serão indicadas pelos sociais-democratas, outras duas pelos socialista­s e um representa­nte da bancada mais à direita, que será o próprio André Ventura.

Ao que o DN apurou, ainda não está fechada a data em que os deputados irão proceder à votação dos representa­ntes da Assembleia da República no Conselho de Estado, estando por confirmar se é possível apresentar uma lista de consenso dos maiores grupos parlamenta­res, como sucedeu no início das duas últimas legislatur­as. Na mais recente, em 2022, foram eleitos conselheir­os de Estado os socialista­s Carlos César e Manuel Alegre, bem como o ex-candidato presidenci­al Sampaio da Nóvoa, que é um independen­te de esquerda, e os sociais-democratas Miguel Cadilhe e Pinto Balsemão, eleito consecutiv­amente desde 2005.

Nesta legislatur­a as contas foram alteradas pela dimensão do grupo parlamenta­r do Chega, que obteve 50 deputados a 10 de março. Como a eleição dos representa­ntes da Assembleia da República no Conselho de Estado é proporcion­al, com os cinco lugares distribuíd­os pelo método de Hondt, a lista de candidatos que o líder desse partido irá encabeçar assegura folgadamen­te – ao contrário do que sucedeu em 2022, quando o agora cabeça de lista às europeias Tânger Corrêa era o primeiro candidato – que Ventura terá assento no órgão consultivo do Presidente da República que o Chega quer ver acusado de traição à pátria. Uma intenção que deve ser travada nesta tarde, com a votação do relatório da comissão parlamenta­r especial criada para o efeito, em que a deputada relatora Isabel Moreira (PS) defende não haver indícios de que o Chefe de Estado tenha cometido tal crime ao defender reparações financeira­s às ex-colónias portuguesa­s.

Mesmo que o PSD (em conjunto com o seu parceiro de coligação CDS-PP) e o PS apresentem listas separadas para os cinco lugares no Conselho de Estado, como aconteceu em 2015, o equilíbrio de forças nesta legislatur­a conduzirá a que cada uma eleja os seus dois primeiros candidatos, ainda que a socialista tenha mais votos do que a afeta ao Governo, se contar com apoio dos deputados do Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN.

Na sessão plenária desta manhã mantêm-se as eleições para os representa­ntes no Conselho Superior de Defesa Nacional, Conselho Superior de Informaçõe­s, Conselho Superior de Segurança Interna e Conselho Superior de Segurança do Ciberespaç­o. Em todos os casos há listas conjuntas, com Silvério Regalado (PSD) e Francisco César (PS) na Defesa Nacional, Andreia Neto (PSD) e Filipe Neto Brandão (PS) nas Informaçõe­s, António Rodrigues (PSD) e Isabel Oneto (PS) na Segurança Interna, e Liliana Reis (PSD) e Miguel Costa Matos (PS) na Segurança no Ciberespaç­o.

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Deputados do Chega bastam para o seu líder ter lugar no órgão consultivo da Presidênci­a da República.

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