Fenómenos raros em Portugal. Depois da aurora boreal, um meteoro
Quem saiu de casa no sábado à noite certamente não imaginava ver um meteoro, assim como a aurora boreal recente não era esperada. Portugal foi brindado com dois fenómenos invulgares em poucos dias.
Num intervalo de poucos dias, Portugal foi palco de dois fenómenos raros: uma aurora boreal e um meteoro. “Coincidências existem”, diz ao DN o físico professor Carlos Fiolhais. “Uma coisa nada tem a ver com a outra, o que têm em comum é que são espetaculares”, afirma.
O professor da Universidade de Coimbra ressalta que meteoros não são anormais pela terra. “Acontecem a todo o momento, mas geralmente caem direto no mar, onde é difícil que as pessoas vejam, ainda mais de dia”, explica. O meteoro que por cá viajou “provocou um efeito superior ao normal”, além de ter passado à noite por um território pequeno como Portugal. “Foi uma surpresa e continuará a ser. E não temos como saber quando será o próximo”, explica o físico.
Para Márcio Santos, um entusiasta da meteorologia que acompanha e estuda os fenómenos de perto, Portugal ter recebido as auroras boreais e o meteoro no intervalo de pouco mais de uma semana, foi “uma conjugação muito improvável.
Márcio, que é o criador da página “Meteo Trás os Montes”, estava, por coincidência, à janela no exato momento que a grande estrela cadente cruzou o céu de Portugal. “O bólide destacou-se pelo seu tamanho e conseguiu entrar na atmosfera e percorrer centenas de quilómetros e ainda assim manter-se como uma bola de fogo durante tempo suficiente para tornar a noite em dia”, relata.
Minutos depois, começou a receber fotos e vídeos registados em diversas zonas do país. O meteoro foi o assunto do dia não só em Portugal e Espanha, onde foi visto, mas também internacionalmente, sobretudo pela raridade do fenómeno.
A Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) classificou o meteoro como “impressionante”. O Instituto de Astrofísica da Andaluzia calculou a velocidade: 161 mil quilómetros por hora. O DN teve acesso ao relatório da ESA, que destacou o destino do meteoro. “Desintegrou-se a uma altitude aproximada de 55 quilómetros de altitude sobre o Atlântico”. Os investigadores agora analisam se há alguma informação que possa ter rastreado o fenómeno previamente.
A agência assegura ser pouco provável que pedaços do meteoro sejam encontrados, tendo em vista “a composição implícita, a alta velocidade de entrada, a alta altitude de rutura e a localização final”. Horas antes, uma pequena equipa de intervenção da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) com 18 operacionais esteve na zona do Castro Daire, na procura por destroços.
O Instituto de Astrofísica da Andaluzia estima que a “viagem” do meteoro teve duração de aproximadamente 500 quilómetros. O ponto inicial em que o fenómeno começou a ser visto foi a uma altitude de 122 quilómetros em Badajoz, na fronteira com Portugal. O Instituto destacou, em comunicado de imprensa, que o meteoro “não representou qualquer risco para a população”. O mesmo foi reforçado ao DN pelo professor Carlos Fiolhais “não há qualquer perigo”.