CEO da TAP e ministro em rota de colisão
Opresidente da TAP defendeu ontem que o Estado deve manter uma posição na empresa em caso de privatização, no que foi secundado por um dos sindicatos da companhia, mas o ministro das Infraestruturas recomendou ao gestor para não se “imiscuir em problemas que são do acionista”.
Em entrevista ao Financial Times, publicada ontem, o presidente da TAP, Luís Rodrigues, defendeu que o Estado deve manter uma participação na companhia após a privatização e que se deve atrair investidores fora do setor da aviação, para contornar eventuais preocupações concorrenciais da Comissão Europeia com a consolidação de companhias aéreas.
“A minha recomendação seria que o Governo português mantivesse uma posição, fizesse parte de todo o processo de desenvolvimento”, disse o líder da TAP.
Luís Rodrigues justificou que, daquela forma, garante-se que “se os atores mudarem, ninguém entrará com uma agenda diferente”, apontando como exemplo a necessidade de servir as regiões da Madeira e dos Açores.
“Acho que em algum momento poderemos estar prontos para uma venda de 100%, mas vamos passo a passo”, realçou.
Já o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, à saída de uma reunião, em Bruxelas, defendeu: “Concordo que o presidente da TAP se deve focar na gestão da TAP e não se imiscuir em problemas que são do acionista.”
O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, Ricardo Penarróias, manifestou-se satisfeito com a posição do presidente da TAP, considerando que o CEO tem “sobre esta matéria a mesma opinião que o sindicato”. Em nota enviada à Lusa, lembrou que o SNPVAC sempre defendeu “que o Estado, numa futura privatização, deve manter uma percentagem para que possa ter uma influência nos desígnios estratégicos da companhia”.