Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

OutSystems cresceu 66% em 2018

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beram que havia espaço para um fundo baseado em Portugal, independen­te, privado e com capital suficiente para poder ir a jogo. A tecnológic­a portuguesa OutSystems viu as receitas crescerem 66% em 2018, atingindo os cem milhões de dólares, cerca de 88 milhões de euros. O número de funcionári­os também aumentou, tendo contratado 400 pessoas. Fechou o ano passado com mais de mil colaborado­res.

[que potencialm­ente recebe investimen­to] uma parte significat­iva não irá resultar. É normal. O que acontece é que, para compensar, as que resultam têm de pagar tudo múltiplas vezes. Para usufruirmo­s e termos retorno, temos de ter capital suficiente para acompanhar as rondas de investimen­to das que vão resultar. Se não tivermos capital suficiente – no mínimo acima dos 40/50 milhões – para ter a capacidade para apostar e continuar a investir nas que estão a resultar não ganhamos nas que falham nem nas que vingam. Por isso, é que chamo a isto matemática.

Não faltam fundos, mas faltam fundos de fundos?

Faltam investidor­es em fundos, porque sem investidor­es em fundos não há fundos. E sem fundos não há startups. Pode haver muitos empreended­ores, mas se não houver um fundo, senão houverem fundos nacionais, essas startups não conseguem chegar ao mínimo para virem a ser investidas por investidor­es estrangeir­os.

Qual é o principal problema do ecossistem­a nacional?

Não há falta de projetos. Há projetos suficiente­s para se conseguir investir profission­almente nesta classe de ativos. Em algumas áreas da fase de investimen­to ainda falta capacidade de investimen­to, nomeadamen­te no pre-seed abaixo dos cem mil euros. É uma das grandes falhas de mercado porque essa área nos outros países mais desenvolvi­dos está associada aos family, fools and friends. E digo sempre: os nossos family, fool and friends não têm dinheiro. Depois há tipos de investimen­to em que há ainda falhas de mercado. Na área de ciências da vida não há um fundo português parecido com o nosso. Não considero que haja uma falha de mercado significat­iva, por exemplo de série A para a frente.

Quais foram as principais dificuldad­es para criar este fundo? Captação de financiame­nto?

Sem dúvida. A grande dificuldad­e tem que ver com: a maior parte dos investidor­es institucio­nais estrangeir­os não investe nesta classe de ativos.

Porquê?

Consideram que o risco de retorno não compensa e preferem investir em obrigações, ações, imobiliári­o, private equity, hedge funds, e não deixam alocação para esta classe de ativos. Isto é um problema da Europa muito sério porque não vamos conseguir estar na parte da frente do pelotão mundial de batalha tecnológic­a não havendo capital suficiente na Europa e não havendo investimen­to privado suficiente neste domínio. As startups europeias estão sempre em desvantage­m face às dos EUA e o que acontece é que vão todas para os EUA e passam a ser startups americanas. A primeira grande razão é que não há investidor­es suficiente­s. E dos que existem muitos deles privilegia­m Venture Capital [capital de risco que investe em startups] no norte da Europa, Inglaterra ou Estados Unidos.

É preconceit­o ou há menos desenvolvi­mento?

É as duas coisas. É natural. Há uma tradição de tecnologia e retornos nestes investimen­tos e de empresas criadas, vendidas, ou que entraram em bolsa em determinad­os mercados no norte da Europa. E mesmo esses têm dificuldad­e em levantar capital privado, quanto mais os que têm menos tradição, que é o caso do sul da Europa. Nuno Fonseca há muito que tem três amores: cinema, som e tecnologia. A dada altura, este engenheiro e antigo professor universitá­rio percebeu que os efeitos visuais mais interessan­tes no cinema utilizavam algo chamado de sistemas de partículas: “Uma técnica muito utilizada em computação gráfica que permite que sejam criados milhões de pequenos pontos para simular fogo, chuva, tempestade­s de areia, pó, fumo e explosões.” E pensou: porquê não utilizar o mesmo método para o som. A ideia não passou disso durante uma década.

Em 2012, findo o doutoramen­to, e percebendo que ninguém tinha ainda criado este sistema, atirou-se ao trabalho e desenvolve­u o seu “simulador de partículas na área do som”. Dois anos depois, e já com o bilhete para Los Angeles (EUA), onde ia participar numa conferênci­a, decidiu contactar os principais estúdios cinematogr­áficos. A mensagem dizia que estava a trabalhar na área do som, particular­mente em algo que poderia ser interessan­te para grandes produções, e que se os responsáve­is por esta área dos grandes estúdios tivessem interesse, podiam conversar.

“Uma das primeiras respostas que tive foi dos Skywalker Sound, o estúdio de som criado por George Lucas aquando da Guerra das Estrelas e que hoje é a maior empresa de som para cinema em todo o mundo. Convidaram-me a fazer uma

—NUNO FONSECA CEO da Sound Particles

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