Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Investimento. África terá de ser mais do que Angola e Moçambique
presa. Ou do grupo Nabeiro, dono da Delta Cafés, que vendeu mais de 15 milhões de cápsulas de café em Angola e pretendem começar a vender cápsulas da marca africana Ginga ainda neste ano.
Contudo, não é por falta de vontade que não se fazem mais investimentos nos outros 14 países da SADC. Até porque há inúmeras oportunidades a surgir: Na África do Sul, “há hoje uma classe média sofisticada”, frisou, Nonhle Ndala, responsável do NN Group. E haverá em breve concursos para renováveis e para a exploração mineira, adiantou Yunus Hoosen, diretor-geral adjunto interino da Invest SA. O Congo juntamente com Angola são terceiro e quarto países com mais terras aráveis, 35 milhões de hectares, notou o secretário de Estado da Economia de Angola, Sérgio dos Santos, que encerrou o Fórum Portugal-SADC. E na Nigéria existe “uma grande indústria cinematográfica” que pouca gente conhece, disse António Nunes, CEO da Angola Cables.
“São países com cerca de 800 milhões de habitantes, com um grande dinamismo empresarial e crescimento económico e Portugal é um parceiro ideal e pode ser uma plataforma para os investidores africanos acederem à Europa”, disse, ao Dinheiro Vivo, o ministro da Economia de Portugal, Pedro Siza Vieira.
Mas todos os intervenientes deste evento organizado pela CCILSA e pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIP) concordam que não se fazem mais investimentos porque ainda há muitos entraves. Por exemplo, “a SADC são muitos mercados e alguns deles são micromercados e faltam infraestruturas. É mais fácil exportar para a China do que para a Zâmbia”, referiu o CEO do Nuvi Group, Carlos Santos. Além disso, “o custo do dinheiro é muito caro e há falta de informação”, exemplificou Carlos Beato, gerente regional do grupo Nabeiro. Há também “poucas parcerias locais”, notou Carlos Oliveira, “um problema de conexão entre países”, disse o partner da PWC, Jaime Esteves, e ainda há risco cambial e falta de segurança no investimento, lembrou Paulo Oliveira.
Contudo, há melhorias e incentivos em curso. Angola vai aderir à zona de comércio livre da SADC e reduzir as taxas de juro neste ano, frisou Sérgio dos Santos, e “hoje já se consegue aprovar um investimento em menos de um mês quando antes demorava um ano”, notou o presidente da CCIP, João Traça. E “Portugal pretende que o tema da presidência europeia seja o futuro das relações entre a UE e África”, concluiu Pedro Siza Vieira. O secretário de Estado da Economia de Angola, Sérgio dos Santos, encerrou o Fórum Portugal-SADC, mas não se limitou a destacar as oportunidades e alterações no país, como é o caso dos apoios ao financiamento, a descida das taxas de juro ou a simplificação das transferências de dinheiro. Sérgio dos Santos destacou algumas das oportunidades que podem ser trabalhadas em conjunto. “Os governos estão atentos a uma maior integração”, garantiu. “Vamos integrar a zona de livre comércio da SADC e acabar com as taxas aduaneiras” entre esses países, disse. Outra oportunidade que destacou foi a existência de 35 milhões de hectares de solos aráveis para produção de alimentos para exportação. E outra ainda pode ser a exploração da costa africana para exportação de frutos do mar para a Ásia, um dos maiores consumidores. Tim Vieira ficou conhecido em
Portugal pela participação no Lago dos Tubarões, da SIC, mas antes já era considerado um empresário de sucesso na África do Sul, onde nasceu, e em Angola. Neste ano assumiu a presidência da CCILSA que, com a CCIP, organiza o Fórum Portugal-SADC, onde a África do Sul se destacou como novo destino de investimento para os portugueses e como potencial investidor em Portugal. Lá, as oportunidades na agricultura, educação, tecnologia e turismo são inevitáveis e Tim Vieira acredita que os empresários portugueses podem ir mais longe. “As áreas onde somos competitivos são também uma oportunidade”, disse ao Dinheiro Vivo. E por cá, “o país atrai a África do Sul porque é visto como entrada na Europa. É uma win-winsituation e isso é que é bom nos negócios”.