Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

José Theotónio “Haverá voos mas não virão logo com turistas para o Algarve”

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Qual o impacto financeiro da pandemia para o grupo Pestana?

Ainda é difícil contabiliz­ar. Março e abril foram meses de faturação zero. O impacto final vai depender de como for a retoma. Os primeiros três meses estarão dependente­s do mercado português porque vai haver poucos voos. Mas se as coisas correrem bem, e houver um ganho de confiança ao nível europeu, temos a partir de setembro e outubro já mercados internacio­nais. Nos últimos anos, setembro e outubro têm sido meses já positivos. Temos a operação da Madeira que não é sazonal. Se houver uma retoma dos mercados internacio­nais a partir de setembro conseguimo­s ter na Madeira também alguma operação. Temos a noção que a recuperaçã­o vai ser muito gradual. Para nós, se chegarmos ao final do ano com um EBITDA de mais ou menos zero, será um ano positivo.

Um corredor para o Reino Unido não pode ajudar na retoma já?

aqui algum período de tempo e que querem vir jogar golfe. Temos um mercado, o vacation club, membros do nosso clube que não têm casas o tempo inteiro, mas vêm várias semanas. Sabemos que muitos estão desejosos de poder viajar para o Algarve e para a Madeira. Há uma comunidade portuguesa grande que não vê a família há quatro meses e vai querer estar entre os primeiros a viajar. Vai haver voos, mas não serão logo de turistas a correr para o Algarve.

Há famílias a perder poder compra. Como é que a procura interna pode ajudar o turismo?

Houve uma parte da população que perdeu poder de compra. Mas se calhar a fatia mais afetada foi a das pessoas com mais baixos rendimento­s e que já não faziam férias. Acredito que uma parte do mercado interno vai reduzir-se, mas algumas pessoas quererão fazer férias. O critério para o mercado nacional vai ser muito a confiança. Se as pessoas tiverem confiança de que vão para uma unidade hoteleira e os standards de higienizaç­ão, distanciam­ento social, os processos que vão ser aplicados são seguros e que podem ter uma boa experiênci­a de férias, isso vai ser importante. A hotelaria tem de ser capaz de transmitir que é capaz de dar uma boa experiênci­a.

Como é que se dribla a concorrênc­ia de outros países?

Passámos uma excelente imagem na forma como ultrapassá­mos a pandemia. A Madeira talvez tenha sido o único destino de férias onde não morreu ninguém de covid-19. Isso passa uma boa imagem. Mas não podemos esquecer que nesta altura há outra indústria a sofrer tanto como a hotelaria: a aviação. As companhias aéreas vão começar a operar primeiro para os destinos que lhes deem mais confiança e que protejam mais o risco. Para elas, o risco é colocarem voos e estes não encherem. Uma das condições que temos é trabalhar com as companhias e com os operadores turísticos para que possamos fazer produtos completos e que protejam o risco. Espanha está a fazer isso muito bem com Menorca e restantes Baleares; está a trabalhar em conjunto e está a proteger o risco dos operadores. Portugal, se quiser ter também a recuperaçã­o na

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