Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Sporting faz parceria com a EDP para passar a ser ainda mais verde
Com os painéis solares e a adesão à nova mobilidade elétrica, o clube passa a consumir apenas eletricidade limpa.
É o perigo da “vingança do carro privado” de que falam o diretor do Boston Consulting Group, Joël Hazan, em colaboração com o líder de projeto Pierre-François Marteau e o consultor Benjamin Fassenot numa publicação para a Smart Cities Dive. Os especialistas debruçam-se sobre como evitar este fenómeno e quais os lados positivos das mudanças impostas pela pandemia.
Uma das partes positivas é o advento do trabalho remoto, ao qual muitas empresas e profissionais resistiam anteriormente e que agora entrou no quotidiano. Ao trabalharem de casa, as pessoas reduzirão as necessidades de deslocação diárias, o que contribuirá para um menor congestionamento de tráfego e poluição.
Há ainda, referem os analistas do BCG, maior abertura para deslocações em bicicleta, de forma a evitar transportes públicos e sem recorrer a carros. Nova Iorque, Seattle e Chicago são algumas das cidades onde a utilização de bicicletas cresceu bastante desde o início da pandemia.
O reverso da moeda é a travagem dos serviços de partilha de boleia e o receio de andar de transportes públicos, como se está a ver na China após a reabertura. Estas tendências terão de ser abordadas a nível governamental para evitar um retrocesso, do qual o reforço da utilização do carro privado é apenas um dos perigos. O especialista em planeamento urbano Charles Laundry, um dos oradores do Portugal Mobi Summit 2020, avisou que as políticas que as cidades adotarem serão decisivas para determinar qual o resultado desta crise para a sustentabilidade da mobilidade urbana.
É algo que também está patente no estudo que uma equipa internacional de cientistas publicou esta semana na Nature. A pesquisa mostra que as emissões globais de dióxido de carbono sofreram uma redução de 17% no início de abril, em resultado da quase paralisação das deslocações e modificação dos padrões de consumo de energia. No pico do confinamento, a redução média nos países analisados foi de 26%. É uma redução “extrema e nunca vista antes”, mas a verdade é que reconduziu o volume de emissões globais apenas a níveis de 2006 – o ano em que Al Gore soou o alarme com o seu documentário Uma Verdade Inconveniente. Ou seja, o desafio é tão grande que mesmo uma situação sem precedentes como esta, com 4 mil milhões de pessoas metidas em casa, parece uma gota num oceano. O que a situação traz é uma oportunidade de “pôr mudanças estruturais em marcha ao implementar estímulos económicos alinhados com os caminhos do baixo carbono”, escreveu a equipa internacional.
Os cientistas acreditam que “as ações dos governos e os incentivos económicos no pós-crise irão provavelmente influenciar o caminho das emissões globais de CO2 durante décadas.”
O Sporting Clube de Portugal vai começar a produzir boa parte da energia que consome. Mais do que isso, a energia que irá atravessar o Estádio de Alvalade, o Pavilhão João Rocha e a Academia Sporting CP será toda renovável. Este é o resultado da parceria entre o clube e a EDP Comercial, que permitiu instalar 600 painéis solares na academia de treinos, em Alcochete.
A energia produzida pelo parque solar vai evitar a emissão de 144 toneladas de CO2 por ano, o equivalente à captação de dióxido de carbono feita por cerca de 900 árvores. Esta é uma das medidas que possibilitará ao clube reduzir a pegada ecológica, mas não é a única que está prevista.
A parceria com a EDP Comercial permitiu também ao Sporting aderir à mobilidade elétrica. É um passo que agora abre a porta para colaboradores, adeptos e todos os visitantes se deslocarem às instalações em veículos elétricos e não poluentes.
Ao todo são seis pontos de carregamento no Estádio José de Alvalade, em Lisboa, que a EDP irá instalar – dois deles para carregamentos rápidos (30 minutos). Em Alcochete, haverá mais dois pontos que serão montados nos parques de estacionamento do clube e estarão ligados à rede pública Mobi.E. Significa isto que vão poder ser utilizados por todos os condutores de veículos elétricos. E quando estiverem operacionais, ainda durante este ano, farão parte de uma rede de mais de 50 pontos de carregamento públicos em operação, geridos pela EDP Comercial.
O que se segue nos próximos meses é uma monitorização constante aos consumos térmicos das instalações do clube como, por exemplo, os gastos em água quente ou com o aquecimento. Será essa análise profunda que irá permitir ao Sporting fazer uma gestão mais eficiente da energia consumida. O objetivo, a médio prazo, é a poupança que se prevê em pelo menos 180 mil euros por ano na fatura energética.
“A parceria entre o clube e a EDP Comercial tem uma enorme importância e surge em consonância com a visão estratégica apresentada recentemente”, afirmou o presidente do Sporting Clube de Portugal, Frederico Varandas, evidenciando as principais vantagens da iniciativa. “Conseguimos um 2 em 1, começamos a construir um caminho sustentável, adaptando as nossas infraestruturas com ferramentas que nos permitem reduzir a pegada ambiental e, em simultâneo, otimizamos os custos energéticos.”
Este é, aliás, o caminho mais direto para a sustentabilidade do planeta, defende a presidente da EDP Comercial, felicitando a escolha do clube por seguir um percurso ainda mais verde. “O momento atual que vivemos dá-nos um novo sentido de urgência sobre a luta contra as alterações climáticas, motivando a procura por soluções mais sustentáveis e equilibradas, uma visão que partilhamos com o Sporting Clube de Portugal, que agora dá um passo relevante nesta caminhada, ao tornar o seu consumo de energia mais limpo e eficiente”, disse Vera Pinto Ferreira.
Esta medida é a primeira de uma série que o clube tem planeada para seguir um caminho que já tem o slogan de “Sporting Mais Verde”. Segundo a nota da EDP, as soluções de eficiência energéticas e opções de consumo sustentável permitem aos clientes empresariais da EDP Comercial reduzir, em média, cerca de 20% na sua fatura e, ao mesmo tampo, acelerar a transição energética, contribuindo assim para as metas ambientais traçadas para Portugal e para a Europa.