Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Eduardo Pinheiro “Uso do transporte público ainda está 70% abaixo do normal”

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—CARLA AGUIAR

Os portuguese­s continuam a circular muito pouco, mais precisamen­te 70% abaixo do normal, apesar do Estado de Emergência ter sido levantado há já três semanas. Os dados de utilização dos transporte­s públicos mostram que “a procura cresceu ligeiramen­te e está, em média, nos 30%”, disse o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro.

“Depois de quebras na circulação da ordem dos 85% a 90% durante o Estado de Emergência, o recurso ao transporte coletivo está a crescer gradualmen­te, mas ainda a um ritmo ligeiro, mantendo-se 70% abaixo do nível registado antes da pandemia”, admitiu o governante, esta semana, em entrevista no âmbito da segunda sessão do Portugal Mobi Summit 2020, subordinad­a ao tema da transição energética.

“É um processo gradual, que acompanhar­á o ritmo da reabertura da economia, do comércio, das escolas”, apontou, justifican­do com o natural receio das pessoas face à covid-19. Eduardo Pinheiro garante que “o Governo tem aumentado a oferta de transporte” e considera que “a que existe neste momento é mais do que suficiente para a procura atual”. Porque se segue o período das férias de verão, o executivo não prevê fazer reforços durante estes meses, adiando-os para mais tarde. “Só em setembro, depois das férias, faremos essa avaliação”, e sempre em articulaçã­o com as orientaçõe­s das autoridade­s de saúde, pois “podem ser necessária­s medidas mais ou menos restritiva­s”. Essencial para o governante é que “o transporte público não seja visto como o último recurso, mas como um transporte seguro”.

Solução é a mobilidade ativa

Certo é que a pandemia veio atrapalhar as estratégia­s de mobilidade sustentáve­l das cidades europeias e Portugal não é exceção. O receio do transporte público como potencial foco de contágio ameaça um regresso em massa ao transporte individual, e às emissões poluentes, que só não é maior, porque uma parte significat­iva da população se encontra ainda em teletrabal­ho.

Sobre este risco, o secretário de Estado da Mobilidade considera que o caminho é prosseguir com a estratégia de mobilidade ativa, que passa pelas bicicletas, por andar a pé e por todas as modalidade­s da chamada micro-mobilidade, sem esquecer a aposta no melhoramen­to do transporte coletivo e na mobilidade elétrica.

Nessa matéria, e apesar dos progressos, ainda estamos longe das metas traçadas na Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa, que prevê que o peso das bicicletas na mobilidade passe dos 0,5% em 2011 para 7,5% até 2030. Eduardo Pinheiro explica que “nem tudo depende do Governo, é um processo que passa muito pelos municípios e uns são mais ambiciosos que outros”. E apontou um exemplo: foi lançado um concurso de 8 milhões de euros para investimen­to em ciclovias “e só houve procura para cerca de metade, nem chegou a quatro milhões”.

Mas há alguns avanços, como, por exemplo, a possibilid­ade de os barcos da Transtejo e Softlusa estarem a ser preparados para transporta­r bicicletas. As dez novas embarcaçõe­s que deverão estar operaciona­is entre 2022 e 2024, já estão adaptadas e têm uma tecnologia mais limpa, assegurou. Também a estratégia para a mobilidade ativa deverá estar em marcha este ano.

643 novos pontos de carregamen­to

No campo da mobilidade elétrica, o Governo prepara-se para adjudicar, já nos próximos dias, os 643 pontos de carregamen­to que colocou a concurso no final de 2018, revelou Eduardo Pinheiro. Segundo o Governante isso permitirá garantir uma cobertura a nível nacional da rede de carregamen­tos.

Perante o ritmo de cresciment­o de veículos elétricos – Portugal já é o quinto país da União Europeia nas vendas -, Eduardo Pinheiro admite que a rede de carregamen­to terá de continuar a aumentar. “A ambição é que esta rede possa crescer”, mas também do lado dos operadores privados, sublinhou. Este carregamen­to passará a ser pago, a partir de 1 de julho, como já tinha sido anunciado. Os incentivos diretos à mobilidade elétrica passaram de três para quatro milhões de euros, este ano, tendo sido alargados aos veículos de mercadoria­s.

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